Kiev está a tentar negociar uma troca de reféns russos pelos soldados feridos que estão no complexo de Azovstal. A informação foi avançada pela vice-primeira-ministra ucraniana. Do lado de Moscovo não há ainda respostas. José Milhazes e Nuno Rogeiro analisam os avanços e recuos no conflito entre a Rússia a e Ucrânia.
Nuno Rogeiro sublinha que as imagens que chegam do complexo de Azovstal “são imagens de trevas, de pessoas que ficaram com a vida totalmente destruída, de pessoas que parecem vir de outro mundo para assombrar os vivos”. Sobre o possível acordo entre os dois governos, há “alguma esperança.
“Segundo o que se sabe, entre os prisioneiros russos estaria um grupo de 20 pessoas das forças especiais russas que são altamente valiosas. Nesse aspeto os ucranianos estariam a dar muito mais do que deveriam. Não é que estes homens feridos não valham tanto como um homem completo, não é isso. Valem a mesma coisa e mais, porque são resistentes. A grande questão é saber quem é que os ucranianos têm que o Kremlin gostaria de ter”, comenta Nuno Rogeiro.
Já José Milhazes tem dúvidas de que Vladimir Putin aceite este acordo. “A pouca esperança que existe é o facto de a troca ser de prisioneiros gravemente feridos. Isso poderá eventualmente fazer com que a Rússia aceite até uma troca desigual”, afirma
Rogeiro lembra ainda que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que “não faz nenhum acordo com a Rússia se alguém tocar nos soldados que estão a defender Azovstal”. Sublinha ainda que o complexo industrial está a ser alvo de ataques e que a batalha em curso atualmente é no mundo subterrâneo, não à superfície.
Os dois comentadores da SIC analisam ainda a repressão que existe na Rússia. Com um vídeo de uma mulher russa que colocou altifalantes na varanda, Milhazes sublinha que “qualquer sinal de crítica à política de Putin é, neste momento, proibido e rigorosamente reprimido”.
Já Rogeiro opta por lembrar “uma altura em que se respirava um ar de liberdade em Moscovo”, onde avia várias associações. “Tudo isso desapareceu. Hoje em dia há um manto pesado sobre todas essas vozes, mas essas vozes existem”, remata.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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