Guerra Rússia-Ucrânia

Guerra na Ucrânia: líderes da NATO reúnem-se sob “pressão” para fazer mais

União da Aliança em torno da crise de guerra e posição da China deverão ser alguns dos temas em cima da mesa.

Guerra na Ucrânia: líderes da NATO reúnem-se sob “pressão” para fazer mais

Os líderes da NATO reúnem-se esta quinta-feira em Bruxelas com um “caráter simbólico” e para “afirmar a unidade da Aliança”, mas estão sob “pressão” para fazer mais face à guerra na Ucrânia, indicam deputados do PS e PSD.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República, Marcos Perestrello (PS), frisou que a cimeira de líderes da NATO tem “como objetivo principal afirmar a unidade da Aliança em torno desta crise que se está a suceder na sua fronteira leste”.

“É uma cimeira que tem sobretudo um caráter simbólico. (…) A Aliança quer sobretudo reafirmar que está unida em torno dos seus objetivos essenciais, que é uma aliança defensiva – que, como já afirmou, não tenciona entrar diretamente em combate em território ucraniano – mas que está firmemente empenhada em defender o seu território e que não admitirá ataques a Estados-membros da Aliança”, disse.

A deputada do PSD Ana Miguel Santos, que integra também a Comissão de Defesa Nacional, destacou a “forte pressão” sobre os líderes da NATO “para anunciar algo”, feita designadamente pelos “ucranianos e países limítrofes com a Ucrânia”, visando um “tipo de resposta mais armada e não tão política”.

A social-democrata atenuou as esperanças nesse domínio, considerando que tanto o direito internacional, como a memória “muito fresca” da “saída abrupta” das tropas da Aliança do Afeganistão, obstaculizariam uma resposta mais armada por parte da NATO“, que deverá manter a opção pelo fornecimento de material militar.

“Eu não acredito que a NATO, por muita vontade que tenha, consiga neste momento intervir. O que a NATO está a fazer neste momento é a salvaguardar as suspeitas e os receios dos países que integram a NATO e que estão próximos da Ucrânia e que se sentem ameaçados”, afirmou.

Apesar dos apelos da Ucrânia para a criação de uma zona de exclusão aérea sobre o seu território, Marcos Perestrello sublinhou que a NATO “tem dito que não está disponível para entrar em combate direto”, uma postura que não deverá sofrer “uma mudança” nesta cimeira, estima.

China será assunto após ter mostrado interesse em apoiar Putin

Fora da esfera militar, a China deverá também ser motivo de discussão por parte dos líderes da NATO, numa altura em que os Estados Unidos acusa a Rússia de ter pedido apoio militar e financeiro a Pequim e que os chineses mostraram alguma abertura a essa opção.

Na ótica de Ana Miguel Santos, os líderes da NATO poderão adotar uma “resposta mais robusta” contra Pequim, designadamente do ponto de vista económico, “procurando que a China deixe o seu lado neutral e force Moscovo e Putin a ter um outro tipo de reação”.

“Eu julgo que poderá haver aqui – e esta tem sido muito a estratégia – uma tentativa de neutralizar o Putin secando-o economicamente e pela via política, pelos seus aliados. No fundo, todos estão interligados com a Europa, e dependentes da Europa e do mercado americano”, frisou.

No mesmo sentido, Marcos Perestrello sublinhou que “a preocupação da Europa e a preocupação dos Estados Unidos não é propriamente afastar a China, mas, pelo contrário, aproximá-la, procurando evitar que a China se alie à Rússia neste conflito e alertando para as consequências que daí adviriam”.

Joe Biden vai marcar presença na cimeira do Conselho Europeu

Após a cimeira com a NATO, Biden irá participar na cimeira do Conselho Europeu e dos líderes do G7, antes de, na sexta-feira, se deslocar à Polónia. Para Ana Miguel Santos, este é um “sinal muito importante”, que representa a vinda, em altura de conflito, do Presidente dos Estados Unidos à Europa.

No entender de Marcos Perestrello, a deslocação de Joe Biden “tem um caráter fortemente simbólico” dado que a Polónia “é, dos Aliados, aquele que está a sofrer mais pressão”.

Ana Miguel Santos interroga-se se, além da visita à Polónia, Biden irá também pisar solo ucraniano, à imagem de ações simbólicas feitas por antecessores, como a visita de Donald Trump à zona desmilitarizada entre as Coreias do Norte e do Sul, em junho de 2019.

“Eu diria que essa é a grande questão que se está a colocar e a grande expectativa que se coloca também olhando para o facto de que é a primeira vez que, no âmbito desta guerra, desta invasão, o Presidente dos Estados Unidos pisa o solo europeu”, frisou.

Com LUSA

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