Severodonetsk continua a ser o principal ponto de combates entre ucranianos e russos. E o complexo industrial de Azot é o último reduto de resistência na cidade. Nuno Rogeiro e José Milhazes analisam os avanços e recuos deste conflito.
À semelhança de Mariupol – com a fábrica de Azovstal – em Severodonetsk há centenas de militares e também civis refugiados no complexo industrial. No entanto, as fábricas de Azot não estão tão preparadas para resistir a um ataque deste género.
“Mariupol era como se fosse uma fortaleza que estava preparada para resistir a um assalto militar, a uma bomba nuclear. Esta [Azot] não foi preparada para uma guerra, é uma fortaleza improvisada. Mas é o símbolo do que se está a passar: os ucranianos têm determinação, sabem combater nas ruas têm algumas munições – não muitas – mas não têm as armas que precisam. Por isso a ministra ucraniana da Defesa disse hoje [terça-feira] que a Ucrânia apenas recebeu 10% das armas que pediu aos aliados ocidentais”, diz Nuno Rogeiro.
Por outro lado, José Milhazes foca-se nas ameaças que vêm da Rússia: “Um conhecido deputado do Parlamento russo, que na semana passada tinha apresentado um projeto de lei ao parlamento para que a Rússia não reconhecesse a independência da lituânia em 1991, dizendo que tinha sido uma saída ilegítima, hoje [terça-feira] veio anunciar que a esse país se devem juntar mais três: a Letónia, a estónia e a Ucrânia.”
O comentador cita ainda o deputado russo, dizendo que a Rússia “só deixará existir aqueles países que não são adversários”. “Nós estamos perante ameaças que vão aumentando de escalada”, afirma Milhazes, acrescentando que “mesmo que isto tenha 0,1% de verdadeiro é perigoso”.
Outro deputado russo ameaçou também as embaixadas de países ocidentais que existem em Kiev. “Ele considera que o centro do poder na Ucrânia não está em Kiev nem no palácio presidencial, está sim em embaixadas como a dos EUA, a da Grã Bretanha e a da Alemanha. Ele ameaça que certamente aí irá aterrar qualquer coisa. Isto é também muito grave”, afirma Milhazes.
Rogeiro presta também uma homenagem a Roman Ratushi, um jovem ativista de 24 anos que morreu durante o conflito. “Ele foi para a praça Maidan quando tinha 17 anos, foi um dos primeiros presos e espancados em público pelo Bercut – polícia de segurança da Ucrânia na altura, conhecida pela sua brutalidade –, tornou-se num ativista contra as construções clandestinas e abusivas em Kiev”, lembra o comentador da SIC. “Acabou também por ingressar nas forças armadas como militar das tropas de reconhecimento e forças especiais e morreu agora, com 24 anos, e todos os ucranianos lhe prestam homenagem.”
Por fim, Milhazes apresenta um vídeo de “culto da personalidade” de Vladimir Putin que conta com a participação do poeta Kazakov. “O Poeta Kazakov decidiu contar a história de Putin em verso e segundo os contos populares russos. Ou seja Putin é o omnipresente que combate a NATO e por isso esta história chama-se ‘Como o omnipresente Putin venceu o dragão’ – o dragão claro é a nato e não o FC Porto.”
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
Saiba mais:
- “Vou ficar até a guerra acabar ou até morrer”: SIC falou com um português no exército ucraniano
- O desafio dos agricultores na Ucrânia: colher cereais sob fogo inimigo e em campos minados
- Há três meses que Yulia espera que o marido seja libertado do cativeiro na Rússia
- Rússia isola Severodonetsk: imagens de satélite mostram o que resta das pontes destruídas
- Rússia interdita a entrada no país a 49 britânicos, incluindo jornalistas
- SIC na Ucrânia: tropas russas atacaram hospital de Trostianets durante ocupação
- SIC na Ucrânia: civis foram torturados em Trostianets durante ocupação russa