Cerca de 260 soldados feridos foram retirados na noite desta segunda-feira do complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol.
Destes, 53 foram transportados para um centro médico na cidade ucraniana de Novoazovsk, controlada por russos. Foram transportados em cinco autocarros e escoltados por tropas russas até à região.
Outros 211 soldados que também saíram da siderúrgia seguiram em direção a Yelenovka, na Rússia, através de um corredor humanitário, confirmou a vice-ministra da Defesa da Ucrânia.
“Para o seu regresso a casa, um processo de intercâmbio será levado a cabo”, afirmou Anna Malyar.
O Presidente ucraniano disse que os militares são heróis e que o país precisa deles vivos, garantindo que esse sempre foi o principal objetivo.
“Esperemos ser capazes de salvar a vida destes homens. Há soldados feridos com extrema gravidade. Precisamos dos nossos heróis vivos”, afirmou Zelensky.
Sobre o seu regresso a casa, o Presidente ucraniano disse apenas: “A operação para salvar os defensores de Mariupol já começou. O trabalho continuará para os trazer para casa. E esse trabalho requer tempo e delicadeza”.
Resistência em Azovstal chegou ao fim
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia afirmou que os militares que defendem a siderúrgica Azovstal cumpriram a sua missão.
“O comando militar supremo ordenou que os comandantes das unidades estacionadas em Azovstal salvassem a vida do pessoal”, disse o Estado-Maior em comunicado.
“Os esforços para resgatar os defensores que permanecem no território de Azovstal continuam.”
Esta segunda-feira, Moscovo anunciou que tinha chegado a um acordo para retirar militares feridos da fábrica.
De acordo com o comentador da SIC José Milhazes, terá sido acordado nas negociações que estes soldados serão posteriormente transportados para a Turquia. Nuno Rogeiro acrescenta que já haverá militares turcos em Novoazovsk.
Novoazovsk fica em Donetsk, uma região controlada por separatistas pró-russos desde 2014.
De acordo com o batalhão Azov, durante 82 dias, “os defensores de Mariupol cumpriram ordens, apesar das dificuldades, repeliram as forças avassaladoras do inimigo e permitiram que o Exército ucraniano se reagrupasse, treinasse mais pessoal e recebesse um grande número de armas dos países parceiros”.
Segundo as autoridades ucranianas, cerca de 1.000 soldados, incluindo 600 feridos, ainda se encontram em Azovstal.
Mulheres, crianças e idosos que se refugiram na siderúrgica foram retirados no final de abril, graças a uma operação coordenada pelas Nações Unidas e pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha.
A estratégica cidade portuária de Mariupol foi totalmente devastada pelas forças russas desde o início da guerra em 24 de fevereiro.
Várias centenas de combatentes ucranianos barricaram-se na siderúrgica Azovstal.
Saiba mais
- Ucrânia vence Eurovisão: soldado canta “Stefania” num bunker em Azovstal
- Cascata de projéteis incandescentes cai sobre o complexo de Azovstal, especialista suspeita que possam ser bombas de fósforo
- Guerra na Ucrânia: vídeo mostra violência dos ataques a Azovstal
- Guerra na Ucrânia: batalhão de Azov divulga imagens de militares feridos em Azovstal
- Por dentro de Azovstal: “Estrutura foi planeada para a guerra, é como vemos nos filmes pós-apocalípticos”