O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que o serviço de segurança do país intercetou comunicações de tropas russas que fornecem provas de crimes de guerra.
“Há soldados a conversar com os seus pais sobre o que roubaram e quem raptaram. Há gravações de prisioneiros de guerra que admitiram matar pessoas”, disse Zelensky, num excerto de uma entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS, que foi para o ar na sexta-feira.
“Há pilotos na prisão que tinham mapas com alvos civis a bombardear. Também há investigações que estão a ser conduzidas com base em restos mortais“, disse ele, numa tradução fornecida pela televisão norte-americana.
Zelensky disse que “todos que tomaram uma decisão, que emitiram uma ordem, que cumpriram uma ordem” são culpados de crimes de guerra.
Questionado sobre se responsabiliza o Presidente russo Vladimir Putin, o líder ucraniano disse: “Acredito que ele seja um deles”.
Mortes em Bucha estão a ser investigadas
O gabinete da procuradora-geral ucraniana Iryna Venediktova está a investigar mortes em Bucha, na região administrativa de Kiev, e outras baixas em massa com civis, como possíveis crimes de guerra.
No passado fim de semana, foram encontrados em Bucha centenas de civis mortos nas ruas e em valas comuns, após a retirada dos militares russos.
Na sexta-feira, um ataque a uma estação ferroviária em Kramatorsk, no leste ucraniano, provocou pelo menos 50 mortos, incluindo cinco crianças, de acordo com as autoridades locais, que lembram que milhares de pessoas se encontraram no local para fugirem da região.
O governador de Donetsk, Pavlo Kirilenko, culpou os “fascistas russos” pelo ataque desta sexta-feira de manhã à estação com mísseis Tochka-U, considerando que se tratou de uma ação premeditada contra a população civil.
As autoridades de Donbass estavam, há dois dias, a incitar a população civil a deixar essas regiões, alertando que as tropas russas estavam a preparar uma grande ofensiva para obter o controlo absoluto da zona.
Por seu lado, o assessor do chefe do gabinete do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych assegurou que o ataque foi precedido por um reconhecimento completo do alvo pela Rússia.
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