Guerra Rússia-Ucrânia

Inflação, créditos e dívida pública: as consequências do conflito Rússia-Ucrânia na economia europeia e mundial

José Gomes Ferreira explica os impactos que esta guerra terá tanto na economia, como no sistema financeiro.

Inflação, créditos e dívida pública: as consequências do conflito Rússia-Ucrânia na economia europeia e mundial

O conflito entra Rússia e Ucrânia já está a ter consequências económicas para os países do Ocidente. E as sanções aplicadas por vários países vão agravar a inflação, não só na Europa e nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. José Gomes Ferreira, diretor-adjunto da SIC Notícias, explica as consequências e curto, médio e longo prazo.

Ao curto prazo, a atenção é virada para as bolsas: “As bolsas têm dado indicadores contraditórios. Ora caíram bastante antes e durante a invasão, ora esta sexta-feira subiram muito”, explica o jornalista, sublinhando que a bolsa europeia subiu 4%.

“É sinal que estão a interpretar que a Europa, os EUA e o mundo da OCDE consegue lidar com as sanções aplicadas e com alguma consequências económicas desta invasão.”

Já a médio e longo prazo os países têm “razões de preocupação de sobra”. Em primeiro lugar devido às “commodities” – os produtos que são necessários para fazer funcionar a economia de um determinado país, tal como gás, petróleo, cereais, minerais, entre outros.

Estes produtos já têm vindo a registar uma subida de preço “de forma consistente” e “essa subida não vai abrandar, até vai acelerar”, alerta José Gomes Ferreira.

Um fator que terá “consequências gravosas” ao nível da inflação. “E não é só na inflação relativa a esses produtos, é na inflação incorporada nos produtos em geral, na distribuição e venda comercial. Tudo isso vai agravar a situação dos consumidores, não só nos países da OCDE, mas em todo o mundo.”

“A consequência das subida da inflação – acelerada por esta guerra – é que os bancos centrais têm de ter mais cuidado na conceção de crédito, no emprestar dinheiro às economias. Já anunciaram que vão reduzir as compras de dívidas dos Estados e que vão agravar o custo do dinheiro aumentando os juros”, explica.

José Gomes Ferreira destaca ainda que a Ucrânia é um dos maiores produtores e exportador de cereais para a Europa e que, durante o período do conflito, não irá conseguir produzir estes alimentos. A escassez irá levar também a um maior aumento de preços.

Ao nível do gás natural – que vem da Rússia através da Ucrânia -, o jornalista sublinha que poderá haver ataques aos pipelines, cortes ou sabotagens que poderão deixar a indústria da Europa central e ocidental com “falhas no fornecimento”.

“O crescendo de preocupações que, no longo-longo prazo, ainda serão mais gravosas, porque demorará muitos anos a desatar-se este nó de desentendimento entre povos e a compensar-se ou ultrapassar-se as consequências gravosas de todas as frentes económica, financeira, social, política que um conflito desta natureza traz.”

Conflito Rússia-Ucrânia

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