O Presidente da República apelou esta segunda-feira ao fim da guerra na Ucrânia, pedindo que a “paz chegue depressa”, sem esconder que os tempos que se aproximam serão difíceis, mas que é preciso enfrentá-los com serenidade e união.
No final da reunião do Conselho de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se ao país com uma mensagem de repúdio e condenação pela agressão russa na Ucrânia, lamentando a violação de “princípios básicos” e da soberania e integridade territorial daquele Estado.
“É crescente o apelo generalizado para o abreviar da guerra. (…) É dramaticamente urgente encurtar a guerra na Ucrânia, mas com serenidade e não com expedientes negociais concebidos apenas para ganhar tempo ou paralisar a resistência”, afirmou o chefe de Estado português.
Determinação e coragem para os tempos difíceis que se aproximam
Sobre o que considera ser uma “nova e mais complexa guerra fria” que veio “destruir décadas de diálogo sobre a paz”, Marcelo não esconde que as consequências desta guerra chegarão à Europa com “custos enormes para todos nós”.
Pede, no entanto, determinação e coragem para enfrentar os tempos difíceis que se aproximam, lembrando que o povo português já o fez, nos últimos dois anos, para combater uma pandemia.
“Não há como fazer de conta que esses custos não cairão, de uma forma ou de outra, nas nossas vidas. Há que enfrentá-los com a mesma coragem e determinação dos últimos dois anos, com unidade, coesão, solidariedade e eficácia”, pediu.
Sobre a posição de Portugal, defende que o país “condenou muito antes da maior parte” a agressão russa na Ucrânia e que está disponível para acolher os refugiados ucranianos “sem discriminações ou privilégios”.
Diz ainda que Portugal trabalhará pelo fim da guerra e pela afirmação da paz, não se deixando iludir, no entanto, pelo que “aí vem”.
Ucranianos, “um povo a quem tanto devemos”
“Estamos atentos ao que em cada momento é necessário e possível fazer para enfrentar os custos da guerra, como aconteceu com a pandemia. Temos de garantir bens essenciais, assegurar o funcionamento da economia, apoiar as empresas, sobretudo dos setores cruciais, cuidar das pessoas, em particular das mais pobres, carenciadas ou sacrificadas. Temos ainda de exigir dos responsáveis a contenção das palavras”, defende.
No final, Marcelo deixa uma palavra de apreço ao povo ucraniano, dizendo acreditar que “vale a pena fazer tudo para que a paz chegue depressa, em liberdade, democracia e justiça social”.
“Que chegue ao povo ucraniano, um povo a quem tanto devemos nas nossas casas, nas nossas famílias, empresas, instituições e vidas, no nosso Portugal”, concluiu.
O Conselho de Estado condenou esta segunda-feira unanimemente a agressão russa à Ucrânia, anunciou o Presidente da República, no fim da reunião deste órgão político de consulta a que faltaram quatro conselheiros.
Ao 19.º dia de invasão da Ucrânia pela Rússia, o Conselho de Estado esteve reunido desde as 15:20 até perto das 19:00.