A tecnológica Microsoft anunciou na quarta-feira que grupos informáticos ligados à Rússia levaram a cabo mais de 200 ataques cibernéticos contra a Ucrânia e as suas infraestruturas desde o início da invasão, a 24 de fevereiro.
Num relatório divulgado na quarta-feira, a Microsoft aponta para “ciberataques destrutivos e implacáveis da Rússia na sua guerra híbrida contra a Ucrânia” e acrescenta que estas iniciativas “não só prejudicaram os sistemas de instituições na Ucrânia, como também visaram perturbar o acesso da população a informações fiáveis e serviços vitais dos quais os civis dependem, e tentaram minar a confiança na liderança do país”.
O documento, apresentado pelo vice-presidente da empresa, Tom Burt, nota que, nas vésperas da invasão da Ucrânia pela Rússia, “pelo menos seis agentes distintos ligados ao Estado russo lançaram mais de 237 operações contra a Ucrânia, incluindo ataques destrutivos ainda em curso e que ameaçam o bem-estar dos civis”.
Para além da “destruição” dos sistemas das instituições públicas ucranianas, os ataques foram acompanhados por atividades de espionagem, diz a Microsoft, apontando também que o calendário dos ataques “parece estar altamente correlacionado, e por vezes diretamente calendarizado, com as operações terrestres do exército russo“.
A empresa criadora do sistema operativo Windows, presente na maioria dos computadores a nível mundial, exemplifica que um dos ataques russos visou uma “grande empresa de rádio e televisão” no dia 1 de março, o mesmo dia do bombardeamento da torre de televisão de Kiev.
Ainda de acordo com a Microsoft, os preparativos para estes ataques começaram em março de 2021 e intensificaram-se no início de 2022, quando a Rússia acelerou a mobilização em torno das fronteiras ucranianas.
Estes ataques, alerta ainda o relatório, vão provavelmente continuar e aumentar, particularmente contra os países que apoiam o esforço de guerra ucraniano contra a Rússia.
O relatório surge uma semana depois de os EUA e quatro outros países ocidentais terem avisado que os serviços de inteligência tinham reunido informações que apontavam para o lançamento de ataques cibernéticos massivos contra os aliados da Ucrânia.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
Saiba mais:
- MiPolónia deteve um russo e um bielorrusso por espionagem
- Canadá sanciona 203 pessoas envolvidas na criação das repúblicas de Donetsk e Lugansk
- Governo alemão diz que alternativa ao gás russo está a avançar
- “Queremos que se faça justiça em relação aos crimes de guerra”, afirma o vice-primeiro-ministro do Reino Unido
- Guterres sabe que não consegue “convencer Putin” mas acredita que pode “dar um contributo”
- “Usá-lo-emos se for necessário”: a ameaça de Putin em caso de ingerência estrangeira
- Corte de gás reforça importância do acordo ibérico para travar subida de preços, diz ministro
- Corte de gás: “Era dos combustíveis fósseis russos na Europa está a chegar ao fim”