Guerra Rússia-Ucrânia

Moscovo nega “categoricamente” massacre de civis em Bucha

Porta-voz do Kremlin alega que especialistas do Ministério da Defesa russo encontraram sinais de “adulteração de vídeo” e de “falsificações” nas imagens.

Moscovo nega “categoricamente” massacre de civis em Bucha

A Rússia negou esta segunda-feira “categoricamente” as acusações de “massacre” e “genocídio” relacionadas com descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Bucha, nos arredores de Kiev, e anunciou uma “avaliação judicial da provocação” ucraniana.

“Rejeitamos categoricamente todas as acusações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas, alegando que especialistas do Ministério da Defesa russo encontraram sinais de “adulteração de vídeo” e de “falsificações” nas imagens apresentadas pelas autoridades ucranianas como prova de um massacre de civis atribuído à Rússia.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiro da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a situação em Bucha, na Ucrânia, é “encenada”, que foi um “falso ataque” que está a ser disseminado nas redes sociais pelo Ocidente e pela Ucrânia, segundo a agência TASS.

Morte de civis em Bucha: Rússia abre investigação a “provocação” ucraniana

O chefe da Comissão de Investigação da Rússia, Alexander Bastrykin, ordenou “uma avaliação judicial da provocação por parte da Ucrânia sobre o homicídio de civis em Bucha”, indicou hoje um comunicado deste órgão responsável pelas principais investigações criminais no país.

“Para desacreditar os militares russos, o Ministério da Defesa ucraniano divulgou à comunicação social ocidental imagens filmadas em Bucha, na região de Kiev, como prova de um homicídio em massa de civis”, refere.

No entanto, acrescenta, “de acordo com informações do Ministério da Defesa russo, todos os materiais divulgados pelo regime de Kiev sobre os crimes dos militares russos nesta localidade não correspondem à realidade e são de natureza provocativa”.

Segundo a mesma fonte, Bastrykin ordenou que fossem tomadas “medidas exaustivas” para identificar todos os envolvidos e determinar se devem ser processados por divulgar “informações falsas” sobre o exército russo, crime introduzido no código penal russo após a invasão da Ucrânia e passível de 15 anos de prisão.

Imagens nas televisões e jornais de dezenas de corpos em valas comuns ou espalhados pelas ruas dos arredores da capital ucraniana, no fim de semana, na sequência da retirada russa, estão a chocar os países ocidentais.

O número total de mortos ainda é incerto, mas, segundo a Procuradora-Geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, os corpos de 410 civis foram encontrados nos territórios da região de Kiev recentemente recapturados às tropas russas. 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo a Rússia de cometer “genocídio” na Ucrânia, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter denunciado o que descreveu como “massacre deliberado”.

A França, Alemanha, Japão, Canadá, Reino Unido, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Nações Unidas e União Europeia (UE), entre outros, já condenaram os alegados crimes de guerra cometidos pelo exército russo em Bucha e noutras regiões de Kiev, defendendo que estes atos devem ser investigados.

Moscovo já tinha anunciado a intenção de investigar o que considera uma “provocação” destinada a “desacreditar” as forças russas na Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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