O ministro dos Negócios Estrangeiro da Ucrânia, Dmytro Kuleba, lamentou a falta de progressos para um cessar-fogo na reunião de hoje com o homólogo russo Sergei Lavrov em Antalya, no sul da Turquia.
“Falámos sobre um cessar-fogo, mas nenhum progresso foi feito nesse sentido”, declarou à imprensa no final do encontro.
“A Ucrânia não se rendeu, não está a render-se nem vai render-se”, insistiu perante os jornalistas. “Com dedicação e sacrifício, defendemos a nossa terra, o nosso povo, contra a agressão russa”, enquanto “não houver uma decisão diplomática”.
Acrescentou, no entanto, que decidiu com Lavrov “continuar as conversações neste formato”.
“Concordamos em continuar nossos esforços para encontrar uma solução humanitária no terreno”, acrescentou.
Em Mariupol, um porto sitiado no sudeste da Ucrânia, onde mais de 1.200 pessoas morreram nos últimos dias no cerco da cidade, Kuleba concluiu que “continua esperançoso” de que os russos “permitam” a operação do corredor humanitário para permitir a saída de cerca de 300.000 civis retidos.
Esta manhã, o autarca de Mariupol denunciou que a cidade foi alvo de um novo ataque aéreo e que os autocarros que iam retirar civis foram obrigados a voltar para trás, avança a Sky News.
Rússia continuará a atacar até exigências serem atendidas
A Rússia transmitiu hoje ao Governo ucraniano que continuará a atacar até que as suas exigências sejam atendidas, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
“A narrativa ampla que [Lavrov] me transmitiu é que [a Rússia] vai continuar os ataques até que a Ucrânia atenda às suas exigências. E essa exigência é uma rendição. Isso não é aceitável”, garantiu Kuleba.
As primeiras conversas diretas entre os ministros dos Negócios Estrangeiros russo e ucraniano começaram hoje de manhã, no sul da Turquia, o primeiro sucesso diplomático de Ancara, que ofereceu mediação desde o início da crise.
Esta é a primeira reunião deste nível desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
As discussões estão a ser realizadas num grande hotel perto de Antália, uma estância balnear na costa do Mediterrâneo, particularmente popular entre os turistas russos.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, deverá juntar-se ao encontro para “avançar na questão urgente da segurança e proteção” das instalações nucleares da Ucrânia, de acordo com uma mensagem que divulgou na rede social Twitter.
As autoridades de Kiev e Moscovo já se reuniram várias vezes, mas esta é a primeira vez que a Rússia envia um ministro para discussões sobre este conflito. Até agora, as conversações realizadas resultaram em vários cessar-fogos locais e na abertura de corredores humanitários para retirar civis, mas a Rússia foi sempre acusada de violar os acordos.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.