Guerra Rússia-Ucrânia

“O futebol une o que a loucura humana tenta dividir”: o abraço simbólico entre um russo e um ucraniano

A Atalanta é o único clube da liga italiana que conta com atletas destas duas nacionalidades.

“O futebol une o que a loucura humana tenta dividir”: o abraço simbólico entre um russo e um ucraniano

Em plena invasão da Ucrânia pela Rússia, o futebolista ucraniano Ruslan Malinovskyi e o russo Alexei Miranchuk, jogadores da Atalanta, são amigos e mostraram a união no balneário diante dos demais companheiros.

Na última quarta-feira, a Atalanta venceu o Olympiacos, em Atenas (Grécia), por 3-0, passando aos oitavos-de-final da Liga Europa com um bis de Malinovskyi, que festejou a levantar a camisola do clube e a mostrar outra onde se poderia ler: “Não à guerra na Ucrânia”.

O moscovita Miranchuk não jogou a partida devido a lesão, tendo apenas conseguido assistir à celebração pela televisão, não estando ao lado do companheiro de equipa.

No entanto, no dia seguinte, no campo de treinos da Atalanta, os dois colegas cruzaram-se e deram um forte abraço, ao qual o restante plantel depois se juntou.

Nem a guerra os separa

Ruslan Malinovskyi, nascido em Zhytomyr (Ucrânia), 150 quilómetros a oeste de Kiev, e Aleksey Miranchuk, de Slavjane-na-Kubani (Rússia), na região de Krasnodar, são amigos.

O ucraniano fala russo e quando Miranchuk chegou a Bérgamo, no verão de 2020 – um ano depois do amigo -, Malinovskyi atuou como guia e intérprete para ajudá-lo no processo de adaptação.

Ambos ocupam a mesma posição na equipa, no meio-campo. No entanto, o ucraniano disputou mais partidas que o russo esta época.

Um abraço contra a guerra

Matteo Pessina, outro médio da Atalanta, internacional por Itália, explica a situação atual numa publicação na rede social Instagram.

Começando por defender que, “com as nossas cores [da Atalanta], os dois povos envolvidos na guerra têm os rostos de Ruslan e Aleksey”, descreve Malinovskyi (“Mali”) como “um menino introvertido, disponível e de caráter forte” e Miranchuk (“Mira”) como “um ‘tipo’ simples, talvez o melhor que conheço, tímido e com paixões muito parecidas com as minhas”.

“No outro dia, quando a loucura da guerra colocou a Rússia e a Ucrânia uma contra a outra, os dois abraçaram-se em Zingonia [campo de treino da Atalanta]. Estamos e continuaremos com eles nestes tempos difíceis como uma grande família”, diz Pessina.

“Este é o futebol que une o que a loucura humana tenta dividir. Parem a guerra na Ucrânia!”, acrescenta.

Malinovskyi tem partilhado a revolta em relação ao conflito russo-ucraniano, como se pode ver na publicação desta terça-feira, na rede social Instagram.

“Civis estão a morrer. Casas e praças estão a desaparecer, mas a nossa fé na vitória não”, diz o atleta.

Russos e ucranianos na Série A

A Atalanta, clube da cidade de Bérgamo, é o único clube da Série A que conta com um atleta ucraniano e outro russo: Ruslan Malinovskyi (29 anos) e Aleksey Miranchuk (26 anos), respetivamente.

Os médios, com que o técnico Gian Piero Gasperini pode contar na equipa, defrontaram a Sampdoria esta segunda-feira, onde também joga um futebolista de origem ucraniana, Vladyslav Suprjaha.

Este último chegou em janeiro passado e, como referiu o treinador à data, se não tivesse assinado com a equipa genovesa, “neste momento, estaria a segurar uma espingarda e a ir para a frente de guerra com os demais pares”.