A Rússia anunciou um cessar-fogo de três dias, entre esta quinta-feira e sábado, para permitir a retirada dos civis da fábrica de Azovstal, de onde já saíram mais de 300 pessoas.
A garantia foi recebida com algum ceticismo, já que a Ucrânia acusa os militares russos de entrarem no complexo, o que levou a um aumento dos ataques. Acusações que o Kremlin nega.
Uma guerra, também de palavras, no dia em que as Nações Unidas garantem que um novo comboio humanitário está já a caminho de Mariupol para resgatar mais civis.
O que diz o Batalhão Azov?
O comandante do Batalhão Azov, Denis Prokopenko, afirma que este é o segundo dia que “o inimigo invade a fábrica”.
“Estão a ser travadas batalhas sangrentas. Estou orgulhoso dos meus soldados por fazerem esforços sobre-humanos para conterem os ataques do inimigo.”
O comandante diz que a situação é extremamente difícil, mas “continuamos a cumprir ordens para manter a defesa independentemente de tudo”.
A versão do Kremlin
O porta-voz do Presidente russo, Dmitry Peskov, diz que “não há ofensiva” no complexo de Azovstal. Admite a existência de “casos pontuais de agravamento da situação”, mas nega as acusações dos ucranianos.
Sobre estas situações pontuais, justifica-as com o facto “de os militares assumires posições de combate”. Tentativas que as tropas russas estão a suprimir “muito rapidamente”, afirma.
A fábrica, um enorme complexo siderúrgico atravessado por redes subterrâneas, tem sido o último reduto de resistência dos combatentes ucranianos contra o exército russo em Mariupol, cidade onde se situa um porto estratégico.
A rendição ou captura destes militares seria uma importante vitória para Moscovo.
Quantas pessoas estão ainda na fábrica de Azovstal?
Segundo as forças russas, permanecem em Azovstal dois mil soldados ucranianos. Alguns dos quais gravemente feridos, segundo a Ucrânia, que os quer retirar em segurança.
Juntamente com os soldados está um número indeterminado de civis, que pode rondar os 200. São familiares de militares ou de trabalhadores do vasto complexo industrial, que o procuraram como abrigo desde o início da guerra.
Nas últimas horas há notícia de mais uma iniciativa – a terceira – por parte das Nações Unidas e da Cruz Vermelha Internacional – para retirar civis da metalúrgica.
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