O primeiro-ministro do Reino Unido diz que os dirigentes ocidentais cometeram um “erro terrível” e deixou Putin sair impune depois de anexar a Crimeia em 2014. Num artigo de opinião publicado hoje, Boris Johnson declara que o líder russo se aproveita da dependência que o Ocidente tem do petróleo e do gás russos, um “vício” que tem de acabar.
Num artigo de opinião, publicado esta terça-feira no The Telegraph, Boris Johnson escreve que a única forma de pôr fim às ameaças e à postura ofensiva do Kremlim é acabar com a dependência do Ocidente em relação ao gás e ao petróleo russos. No entanto, acrescenta, esse seria um processo doloroso.
“Quando ele [Vladimir Putin] lança uma guerra cruel contra a Ucrânia sabe que o mundo vai fazer pouco para o punir. Ele sabe que criou uma dependência [dos hidrocarbonetos]”, acrescenta o primeiro-ministro britânico.
“Não podemos continuar assim. O mundo não pode estar sujeito a esta chantagem permanente. Enquanto o Ocidente depender economicamente de Putin, ele fará todo o possível para explorar essa dependência. E é por isso que essa dependência deve – e vai – agora acabar”, garante.
Os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram bloquear as importações de gás e petróleo da Rússia, enquanto a União Europeia – mais dependente – está a organizar-se para reduzir dois terços as compras do gás a Moscovo.
Visita à Arábia Saudita criticada
O primeiro-ministro britânico vai reunir-se com a Arábia Saudita e outros países produtores de petróleo para abordar a necessidade de aumentarem a sua produção.
No entanto, a posição do primeiro-ministro sobre a energia é criticada pelos defensores dos direitos humanos, sobretudo depois da execução de 81 pessoas condenadas à morte na Arábia Saudita.
Londres conta apresentar nas próximas semanas a estratégia governamental sobre a segurança energética através do investimento nas energias renováveis e pela exploração de hidrocarbonetos no Mar do Norte no sentido de reduzir a dependência do Reino Unido e cumprir, ao mesmo tempo, a meta sobre as emissões de carbono (até 2050).
Ao mesmo tempo, anunciou mais investimento nas renováveis e uma série de grandes novas apostas na energia nuclear.
ESPECIAL CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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