As Nações Unidas dizem que há cada vez mais evidências de que a Rússia está a cometer crimes de guerra na Ucrânia, incluindo bombardeamentos indiscriminados e execuções sumárias.
“Durante uma missão a Bucha em 9 de abril, investigadores dos direitos humanos da ONU documentaram o assassínio, incluindo execuções sumárias, de cerca de 50 civis”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
Segundo a porta-voz, “as forças armadas russas bombardearam indiscriminadamente e pilharam áreas povoadas, mataram civis e destruíram hospitais, escolas e outras infraestruturas civis, todas ações que podem constituir crimes de guerra”.
“Direito internacional humanitário foi ‘lançado borda fora’”
“Durante as últimas oito semanas, o direito internacional humanitário não foi apenas ignorado, foi simplesmente ‘lançado borda fora'”, disse esta sexta-feira Michelle Bachelet, Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, num comunicado.
“O que vimos em Kramatorsk, na área controlada pelo Governo em 8 de abril, quando munições de fragmentação atingiram uma estação de comboio, matando 60 civis e ferindo outros 111, é emblemático do incumprimento do princípio da distinção (entre civis e soldados), a proibição de realizar ataques indiscriminados e o princípio da precaução consagrado no Direito Internacional Humanitário”, adiantou Bachelet.
92,3% das vítimas “são atribuíveis às forças russas”
Ravina Shamdasani indicou que “compete a um tribunal determinar se esse é o caso”, mas sublinhou haver “cada vez mais evidências de que crimes de guerra estão a ser cometidos” na Ucrânia.
Embora, a porta-voz não tenha descartado que o lado ucraniano também tenha violado o direito humanitário em certas ocasiões, disse que “a grande maioria dessas violações, e de longe, são atribuíveis às forças russas”.
Ravina Shamdasani também indicou que 92,3% das vítimas registadas pelos serviços do Alto Comissariado “são atribuíveis às forças russas, assim como as alegações de assassínio e execuções sumárias”.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
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