Guerra Rússia-Ucrânia

Os perigos do tráfico humano no “maior êxodo de que há memória desde a II Guerra Mundial”

O chefe da missão em Portugal da Organização Internacional para as Migrações fala em 3 milhões de refugiados oriundos da Ucrânia em 21 dias.

Os perigos do tráfico humano no “maior êxodo de que há memória desde a II Guerra Mundial”

Em entrevista na SIC Notícias, o chefe da missão em Portugal da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Vasco Malta, alerta para o perigo das redes de tráfico humano nas fronteiras da Ucrânia e explica que este se trata do “maior êxodo de que há memória desde a II Guerra Mundial”, com 3 milhões de refugiados em 21 dias.

Vasco Malta começa por explicar que o tráfico humano “começa a ser um problema grave e já o era antes da guerra começar”.

“Em 2021, a OIM já tinha identificado, na Ucrânia, cerca de 1.000 casos de vítimas de tráfico de seres humanos”, aponta.

O chefe da missão da OIM em Portugal acrescenta que, “neste momento, [a situação] é especialmente cruel, porque estamos a falar de pessoas especialmente vulneráveis”, como “muitas mulheres, crianças, idosos ou portadores de deficiência”.

“A OIM tem visto no terreno algumas dessas redes a funcionar”, estando a aproveitar-se “da especial vulnerabilidade do momento para capturar mulheres e crianças, ou seja, para trabalhos forçados ou de exploração sexual”.

Assim, “qualquer pessoa que esteja no terreno e que queira até trazer pessoas, [deve entender] que essa articulação ou que essa vontade de trazer pessoas tem de ser devidamente orientada com as autoridades”.

“Em cada país da União Europeia, há mecanismos próprios para sinalizar pessoas que sejam vítimas de crimes de tráfico humano”, sublinha.

Vasco Malta diz ainda que “a OIM está a enviar todos os esforços para aumentar essa capacidade de atuação no terreno, numa forma muito clara e objetiva, e num curto espaço de tempo”.

“Estamos a falar do maior êxodo de que há memoria desde a II Guerra Mundial”, com “3 milhões em 21 dias, [que] é um número, de facto, absolutamente astronómico”, aponta.

O chefe da missão da OIM diz ainda que “há vários corredores humanitários que, por várias tentativas, não lograram sucesso” e refere a importância de “estruturas e apoios para os países que fazem fronteira com a Ucrânia”.