O presidente da câmara baixa do Parlamento russo propôs esta segunda-feira retirar a nacionalidade aos “traidores” que são contra a ofensiva na Ucrânia, dando como exemplo a jornalista que brandiu na televisão um cartaz a condenar a guerra.
“A grande maioria dos nossos concidadãos apoiam a operação militar especial na Ucrânia, eles entendem que é necessária para a segurança do nosso país e da nossa nação. Mas há também aqueles com comportamentos cobardes, traidores”, declarou o presidente da Duma, Viatcheslav Volodin.
“Infelizmente, para tais cidadãos da Federação da Rússia, não existe um procedimento de retirada da cidadania e de proibição de entrada no nosso país. Mas talvez isso fosse bom”, prosseguiu, na plataforma digital Telegram.
“O que é que acham?”, perguntou aos seus seguidores.
JORNALISTA “VAI TRABALHAR PARA UM PAÍS DA NATO, JUSTIFICAR O FORNECIMENTO DE ARMAS AOS NEONAZIS”
Para ilustrar a sua opinião, Volodin referiu o caso da jornalista Marina Ovsiannikova, que se celebrizou em meados de março ao brandir um cartaz dizendo “Não à Guerra” em direto na televisão russa.
Ovsiannikova que, na sequência desse incidente, abandonou o seu emprego na estação pública russa Pervy Kanal, tornou-se correspondente do diário alemão Die Welt na Ucrânia e na Rússia, anunciou hoje o jornal.
“Agora, ela vai trabalhar para um país da NATO, justificar o fornecimento de armas aos neonazis ucranianos, o envio de mercenários estrangeiros para combater os nossos soldados e defender as sanções impostas à Rússia”, denunciou Volodin.
É pouco provável que uma medida tão radical como a retirada da nacionalidade seja aplicada sem a aprovação do Presidente russo, Vladimir Putin, mas as declarações de Volodin ilustram, em todo o caso, o clima cada vez mais hostil que reina na Rússia contra qualquer voz que se eleve contra a ofensiva militar que Moscovo realiza na Ucrânia desde 24 de fevereiro.
O Kremlin intensificou a repressão nas últimas semanas, detendo milhares de manifestantes, bloqueando os media independentes e redes sociais e proferindo palavras de peso como “purificação” da sociedade ou “traidores”.
Os opositores à intervenção militar são constantemente diabolizados e pessoas que criticaram a operação viram as portas e as paredes das suas casas serem cobertas de mensagens ameaçadoras.
Com LUSA
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