Começa por referir que “não temos dúvidas de que isto [reconhecimento russo da independência de Donetsk e Lugansk] representa um agravamento substancial da situação” entre a Rússia e a Ucrânia e que “este já é um ato de execução da estratégia agressiva de Putin”.
Desta forma, afasta o cenário que alguns antecipavam de “bluff” por parte do Kremlin, pois, se “houvesse uma intenção mais benigna, não iria fazer este reconhecimento nesta altura”.
“Putin escolhe a altura mais tensa deste conflito, desta crise, para, no fundo praticar um ato de grande provocação”, acrescenta, sendo que, “depois, quando se vê o decreto [entre a Rússia e as regiões separatistas], as forças de manutenção de paz, ao abrigo de um tratado de amizade com estas duas novas repúblicas, poderão deslocar-se para este território justamente para assegurar a paz”.
“A integridade territorial da Ucrânia está claramente violada, as forças russas já estão a entrar em território ucraniano. Para já, apenas na região do Donbass, mas isto é claramente um sinal de uma escalada”, aponta.
Desta forma, considera “fundamental que haja reação da União Europeia, dos Estados Unidos, da NATO” e do Reino Unido, “mas há que ver qual”.
“Esperava-se uma reação mais forte. Volodymyr Zelensky [Presidente ucraniano] queria já sanções preventivas contra a Rússia, e não depois de acontecer alguma coisa”, diz.
No entanto, Paulo Rangel não considera que Vladimir Putin queira resumir o conflito russo-ucraniano *as regiões de Donetsk e Lugansk.
“Quem terá ouvido com atenção o discurso de Putin, o que ele diz é que a Ucrânia não tem sentido, que não tem direito em existir, que é uma pura criação da Rússia e uma fabricação artificial de Lenine, uma marioneta nas mãos das potências do Ocidente”, alerta, explicando que, “no fundo, declara a essência russa do território ucraniano” através de uma “leitura histórica errada”.
Aquilo que ele [Vladimir Putin] visa não é apenas o Donbass, é toda a Ucrânia, a sua própria futura integração de novo na Rússia”, termina.