A Rússia não está em guerra com a Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO), mas a Aliança parece estar, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, em declarações ao canal saudita Al Arabiya.
“Não consideramos que estamos em estado de guerra com a NATO; lamentavelmente, existe uma sensação de que a NATO crê que sim, que está em guerra com a Rússia“, disse Lavrov, de acordo com a entrevista reproduzida pelas agências locais e citada pela agência espanhola de notícias, a Efe.
Lavrov disse também que um confronto desse género seria um passo que aumentaria o risco de uma guerra nuclear e criticou vários líderes ocidentais, incluindo os dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha ou Polónia, e também o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, por desejar que a Rússia perca a guerra.
“Dizem abertamente que [o Presidente Putin] deve perder, que a Rússia deve ser derrotada; quando alguém utiliza esta terminologia, eu creio que pensam que estão em guerra com aquele que querem derrotar“, afirmou.
Na entrevista, Lavrov disse também que qualquer depósito de armamento em território ucraniano é um “objetivo legítimo” do exército russo, já que as armas estão a ser entregues “a um regime que lidera uma guerra contra o seu povo”.
Sobre a questão nuclear, o governante russo afirmou que desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, em 2017, o Kremlin reforçou a tese de Reagan e Gorbachev, segundo a qual “numa guerra nuclear não pode haver vencedores e por isso ela nunca deve ser travada“.
Para o chefe da diplomacia russa, a “operação militar especial” na Ucrânia mantém o objetivo de proteger os falantes de russo do leste do país.
Já sobre as negociações com a Ucrânia, disse que a Rússia não está contra o país receber garantias de segurança, mas não devem incluir nem o Donbass nem a península anexada da Crimeia, e acrescentou que a segurança da Moldova não vai aumentar com a entrada na NATO.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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