O secretário-geral da NATO defendeu hoje o reforço da dissuasão na guerra da Ucrânia, causada pela invasão russa, visando contornar “erros de cálculo e mal-entendidos” de Moscovo face à preparação dos aliados, sem entrar no conflito.
Jens Stoltenberg chamou a atenção para o reforço da presença militar no flanco leste da aliança e em particular para o aumento do número de tropas enviadas pelos Estados Unidos.
“Na reunião de hoje, abordaremos não só as consequências imediatas da invasão russa da Ucrânia, mas também as consequências a mais longo prazo, a adaptação a longo prazo das nossas alianças e como reforçar ainda mais a nossa dissuasão e defesa e como remover qualquer espaço para erros de cálculo ou mal-entendidos em Moscovo sobre a nossa disponibilidade para proteger e defender os aliados”, declarou Jens Stoltenberg.
Falando à imprensa à entrada para a reunião dos ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas, consagrada à guerra lançada pela Rússia na Ucrânia, o secretário-geral vincou que a Aliança Atlântica “tem a responsabilidade de assegurar que esta crise não vai para além da Ucrânia”.
“E é também por essa razão que aumentámos a nossa presença”, acrescentou.
Condenando a “brutal invasão da Ucrânia pela Rússia”, Jens Stoltenberg defendeu que o aceso confronto armado “é devastador para o povo ucraniano e também mudará o ambiente de segurança, com consequências duradouras para a segurança para todos os aliados da NATO”.
Por essa razão, “a NATO respondeu de uma forma unida e rápida”, já que “os aliados impuseram sanções severas à Rússia e avançaram com significativo apoio militar à Ucrânia, apoio financeiro e apoio humanitário”.
“E estamos a reforçar a política de defesa, com centenas de milhares de militares em alerta máximo, 100.000 tropas dos Estados Unidos na Europa e 40.000 militares do comando da NATO na parte oriental da Aliança, apoiados por uma força naval e aérea e, claro, pelos Estados Unidos”, adiantou Jens Stoltenberg.
Presente na ocasião, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, considerou que a reunião “envia um sinal ao mundo de que a NATO continua unida no apoio à Ucrânia”.
Nesta nova reunião extraordinária, os ministros da Defesa da NATO terão oportunidade de falar da situação no terreno com o homólogo ucraniano, por videoconferência.
A agenda da reunião dos Aliados centra-se inevitavelmente na invasão da Ucrânia pela Rússia, nomeadamente nas recentes alegações de Moscovo sobre a existência de armas químicas no território ucraniano, que já levaram a NATO a advertir o Kremlin para o “preço muito elevado” a pagar se estiver a utilizar um pretexto fictício para utilizar esse tipo de armas.
Este encontro ao nível de ministros da Defesa realiza-se sensivelmente uma semana antes de uma cimeira extraordinária de líderes da NATO, anunciada por Stoltenberg para 24 de março, também em Bruxelas, e na qual participará presencialmente o Presidente norte-americano, Joe Biden.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
Com Lusa
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