Os enviados da SIC, Bruno Castro Ferreira e Rafael Homem, presenciaram o momento em que os cinco autocarros da caravana humanitária da ONU e da Cruz Vermelha internacional chegaram, em segurança, a Zaporíjia. Foram retirados 101 civis, mas 32 ficaram em Mariupol.
Chegaram cerca das 16:30 (menos duas horas em Portugal), a Zaporíjia os primeiros civis que foram retirados do complexo de Azovstal, em Mariupol. A viagem, que teve início na passada sexta-feira, demorou mais do que o previsto por causa dos postos de controlo.
A porta-voz das Nações Unidas, Osnat Lubrani, explicou aos jornalistas que nem todos os 101 civis que foram retirados de Azovstal viajaram para Zaporíjia, 32 pessoas optaram por permanecer em Mariupol.
“Hoje, acompanhámos 127 pessoas a Zaporijia, cerca de 230 quilómetros a noroeste de Mariupol, onde estão a receber assistência humanitária inicial, incluindo cuidados médicos e psicológicos, das agências especializadas da ONU, do CICV e dos nossos parceiros humanitários”, indicou Osnat Lubrani, precisando que “algumas das pessoas resgatadas decidiram não ir para Zaporijia com a coluna”.
O CICV informou, quase ao mesmo tempo, que a operação durou cinco dias e que, enquanto a coluna de autocarros e ambulâncias saía da cidade, algumas pessoas sozinhas e famílias – algumas a pé e outras em veículos – se lhe juntaram para estarem protegidas.
“Esta complexa operação permitiu a saída de grupos de civis de Azovstal e da zona de Mariupol, embora esperássemos que fosse possível retirar mais pessoas. São necessários, com urgência, acordos semelhantes entre as partes para aliviar o imenso sofrimento da população civil“, indicou a Cruz Vermelha em comunicado.
Para que a operação fosse bem-sucedida, explicou o CICV, ajudou as partes a chegar a acordo sobre aspetos como horários, localização, rota de retirada e outros pormenores logísticos, bem como sobre exatamente quem poderia ser retirado por vontade própria.
Desde que começou a guerra, a 24 de fevereiro, o CICV – que trabalha sob os princípios da neutralidade e da imparcialidade – tenta facilitar um diálogo confidencial entre a Rússia e a Ucrânia sobre a retirada em condições de segurança de civis encurralados pelos combates e bombardeamentos.
“O CICV não se esquece de quem ainda lá continua (no complexo industrial siderúrgico e outros pontos de Mariupol), nem de quem se encontra noutras zonas afetadas pelas hostilidades ou com necessidade premente de ajuda humanitária, esteja onde estiver“, sublinhou a instituição, acrescentando: “Faremos todos os esforços possíveis para chegar até essas pessoas”.
De referir ainda que uma pessoa, uma mulher foi detida pelas forças russas num dos postos de controlo.
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