Guerra Rússia-Ucrânia

Ucrânia: “Violência e a violação estão a ser usadas como armas de guerra”

Com a retirada das forças russas da região de Kiev, aumentam os relatos de violação, torturas e execuções de civis.

Ucrânia: “Violência e a violação estão a ser usadas como armas de guerra”

Os cidadãos ucranianos que viveram sob domínio das forças russas denunciam situações de tortura, de execuções e de violação. A La Strada-Ukraine, uma organização de defesa dos direitos humanos, avisa que “a violência e a violação estão a ser usadas como armas de guerra pelos invasores russos na Ucrânia”. Moscovo nega todas as acusações.

Com a retirada das forças russas, os militares ucranianos têm conseguido recuperar várias cidades, principalmente na região que envolve a capital Kiev. À medida que as fotografias captadas nas cidades que estiveram sob domínio russo correm mundo – como o caso de Bucha -, também os relatos de violações, tortura e execução de civis tem vindo a público. Entre as denúncias surgem casos de violações em grupo e violações em frente a crianças.

Kateryna Cherepakha, presidente da La Strada-Ukraine, afirma que a associação recebeu nove denúncias de violação que envolviam 12 mulheres e jovens. Durante a sua intervenção no Conselho de Segurança da ONU, a ativista alertou que “isto é apenas a ponta do icebergue”.

“Nós sabemos e vemos – e queremos que ouçam as nossas vozes – que a violência e a violação estão a ser usadas como armas de guerra pelos invasores russos na Ucrânia”, disse a presidente. “Nós recebemos várias chamadas para nossa linha de emergência de mulheres e jovens à procura de assistência, mas, em muitos dos casos, tem sido impossível ajudá-las fisicamente. Não as conseguimos alcançar devido ao conflito”, acrescenta.

Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, sublinha que tem havido uma “crescente” denúncia de situações de violação e violência sexual. “A junção do deslocamento em massa, com a grande pressão para resultados no recrutamento e mercenários e a brutalidade exibida contra civis ucranianos são sinais de alertas.”

Rússia nega acusações e aponta o dedo à Ucrânia e aos aliados

Moscovo nega qualquer acusação de que os militares no terreno tenham violado e torturado civis ucranianos durante o que apelidam de “operação militar especial”. O embaixador russo na ONU, Dmitry Polyanskiv afirma que estas acusações têm uma “intenção clara”.

“A Rússia – como já dissemos mais do que uma vez – não faz guerra contra a população civil”, disse ao Conselho de Segurança da ONU, sublinhando que a Ucrânia e os países aliados têm “uma intenção clara de apresentar os soldados russos como sadistas e violadores”.

Segundo a lei humanitária internacional, a violação e o abuso sexual são considerados crimes de guerra. Tanto a Procuradoria-Geral da Ucrânia como o Tribunal Criminal Internacional anunciaram que vão abrir uma investigação às denúncias de violência sexual durante o conflito.

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