Guerra Rússia-Ucrânia

Um ditado russo para Medvedev, a quadratura do círculo no discurso de Macron e uma transcrição insólita

Análise de José Milhazes e Nuno Rogeiro ao conflito na Ucrânia.

Um ditado russo para Medvedev, a quadratura do círculo no discurso de Macron e uma transcrição insólita

As declarações de Dmitri Medvedev marcaram o dia: o ex-Presidente russo questionou se a Ucrânia anda existiria daqui a dois anos. Enquanto isso, Emmanuel Macron fez um discurso, onde defendeu que a diplomacia é o único caminho para terminar o conflito. Assuntos que foram analisados por José Milhazes e Nuno Rogeiro.

“Há um ditado russo que diz que não se deve dividir a pele do urso enquanto o urso está vivo – corre-se o risco de o urso poder atacar e aí não há pele nenhuma”, começa por dizer Milhazes, referindo-se ao discurso de Medvedev.

Segundo o comentador da SIC, a Rússia está já a utilizar mapas onde a Ucrânia aparece “dividida aos pedacinhos”. Diz ainda que estas declarações de Medvedev podem ser – citando um deputado da Duma russa – “apenas o início da candidatura a Presidente, mas não da Rússia, a Presidente dos territórios ocupados na Ucrânia. É uma hipótese viável”.

Nuno Rogeiro lembra que Medvedev não é apenas um ex-Presidente, “é também o número dois do Conselho de Segurança Nacional, que é uma entidade importante no Estado Russo”. “Diziam que era o homem que andava sempre atrás de Putin e agora é o que lança bombas em frente de Putin”, acrescenta.

Sobre o discurso de Macron, Rogeiro afirma que o Presidente francês está a dizer “no mesmo discurso coisas que são completamente opostas”, ou seja, enquanto diz que não quer declarar guerra à Rússia e lembra que Zelensky terá de negociar com o país vizinho, afirma também que a Moscovo tem de ser vencido.

“São os franceses a tentar quadrar o círculo. Ninguém quer declarar guerra à Rússia, esta guerra não nasceu de uma declaração de guerra à Rússia, foi o contrário. Segundo, ninguém quer aniquilar o povo russo. Terceiro todos querem ajudar a Ucrânia a ganhar. Será que as duas coisas podem estar no mesmo discurso. Talvez possam estar, neste discurso estiveram”, afirma.

Rogeiro traz ainda as traduções díspares sobre o encontro virtual entre Xi Jinping e Vladimir Putin. Enquanto as transcrições feitas pela agência russa TASS dizem que “os chineses teriam apoiado os objetivos da Russa nas suas operações internacionais para defender os seus interesse nacionais”, na agência chinesa Xinhua pode ler-se que “a China quer que as duas partes entrem em acordo, que continua a ter uma posição independente na análise a esse problema e que defende sobretudo a paz”. “Não há uma única linha a dizer que reconhece a legitimidade da intervenção”, remata.

Milhazes analisa ainda a transferência de cereais produzidos na Ucrânia para a região da Crimeia: “Os dirigentes russos agora já não escondem que pilham. Simplesmente é a política dele. Por exemplo, o dirigente da Crimeia veio reconhecer que estão a ‘retirar’ cereais dos territórios ocupados”, afirma, acrescentando que “isto é o reconhecimento claro de que a Rússia está mesmo a levar tudo o que pode do território da Ucrânia”.

Conflito Rússia-Ucrânia

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