O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou esta quinta-feira Israel por não ter imposto sanções à Rússia, numa mensagem por videoconferência a estudantes da Universidade Hebraica de Jerusalém.
“Impor sanções à Rússia é uma questão de valores. Muitos países europeus estão ao nosso lado contra a agressão russa, mas infelizmente não vemos Israel juntar-se” às sanções, sustentou Zelensky, num discurso proferido em ucraniano e traduzido para inglês.
O chefe de Estado ucraniano, que falava a partir do seu gabinete em Kiev, declarou “estar reconhecido ao povo israelita” pelo seu apoio, acrescentando: “Teríamos gostado de receber o apoio do vosso Governo”.
Convidado em março pelo Knesset (parlamento israelita) a falar aos deputados por videoconferência, Zelensky pediu a Israel para “fazer uma escolha” e apoiar o seu país fornecendo-lhe armamento, inclusive o seu sistema de defesa antimísseis “Redoma de Ferro”.
“Como não ajudar as vítimas de uma tal agressão? Perguntam-me frequentemente como é que Israel ajudou e o que mais poderá Israel fazer, mas eu não sei o que responder”, disse hoje Zelensky.
O Estado hebreu adotou uma postura cautelosa após a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro, usando como argumento as relações privilegiadas com os dois países. Além disso, Israel tem mais de um milhão de cidadãos originários da ex-União Soviética.
Zelensky jogou esta quinta-feira a carta dos laços históricos entre Israel e a Ucrânia, afirmando que a casa da infância da antiga primeira-ministra israelita Golda Meir se situava “a cinco minutos” das instalações da Presidência ucraniana.
“Por favor, lembrem-se de como as nossas histórias estão ligadas, como são estreitas as nossas relações, e perguntem-se qual deveria ser o nível de entendimento entre nós (…) Por que é que há uma má comunicação, uma falta de entendimento com os representantes do vosso Governo? Não sei”, disse o líder ucraniano aos universitários israelitas.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, mais de 30.000 ucranianos fugiram para Israel, segundo números oficiais, vários dos quais beneficiando da “Lei do Retorno”, que confere aos judeus, filhos e netos de judeus o direito de obterem a nacionalidade israelita.
Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita confirmou a reabertura nos últimos dias da sua embaixada em Kiev, encerrada por razões de segurança quando a guerra começou.