O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reafirmou hoje que cabe aos Estados-membros da União Europeia (UE) decidir se a Ucrânia obtém o estatuto de país candidato à adesão já em junho.
“Como se costuma dizer nestes casos: a bola está no campo dos organismos europeus, no campo das nações europeias”, disse Zelensky numa mensagem vídeo ao país citada pela agência espanhola EFE.
A Ucrânia formalizou o pedido de adesão à UE em 28 de fevereiro, quatro dias depois da invasão do país pela Rússia, que desencadeou uma guerra que dura há mais de três meses.
“A Ucrânia fez todo, absolutamente todo o trabalho necessário a este respeito”, disse Zelensky na mensagem.
Zelensky disse também que as autoridades de Kiev se têm reunido com os dirigentes da UE e dos Estados-membros individualmente sobre a candidatura à adesão e a atribuição do estatuto de país candidato.
“Todos nós, absolutamente todos nós, estamos a trabalhar para que em junho seja tomada uma decisão histórica importante, que todos nós esperamos”, disse Zelensky aos ucranianos, referindo-se à possibilidade de o estatuto de país candidato ser concedido na cimeira de 23 e 24 deste mês.
A UE, que conta atualmente com 27 Estados-membros, atribuiu o estatuto de país candidato à Albânia, Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia e Turquia.
Alguns dos processos podem ser longos, como o da Albânia, que esperou cinco anos pelo estatuto de país candidato, enquanto a Turquia foi considerada elegível em 1999, decorrendo negociações desde então.
Além destes países, a UE também tem em curso processos relativos à Bósnia Herzegovina e ao Kosovo, que são considerados como potenciais candidatos.
Alguns Estados-membros têm-se mostrado sensíveis a um processo mais rápido
Face à guerra na Ucrânia, alguns Estados-membros têm-se mostrado sensíveis a um processo mais rápido para o caso ucraniano, mas outros têm lembrado que há etapas a cumprir, como fez recentemente o primeiro-ministro português.
“Todos sabemos que independentemente do parecer que a Comissão venha a dar e que o Conselho venha a apreciar em junho, o processo de adesão será sempre muito longo, muito difícil e muito exigente”, disse António Costa em Estrasburgo, há um mês.
Hoje mesmo, num discurso no Parlamento Europeu, o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, defendeu que a UE deve conceder à Ucrânia o estatuto de país candidato já este mês, e apelou para que não sejam colocadas barreiras se o país cumprir as condições de adesão.
“Apoio fortemente o pedido de adesão da Ucrânia”. “Espero que quando o Conselho Europeu se reunir em junho, seja possível enviar uma mensagem clara e positiva ao povo da Ucrânia. A experiência irlandesa, e não estamos sozinhos nisto, é que a adesão à UE tem um poder transformador”, acrescentou.
A Comissão Europeia deverá apresentar este mês o seu relatório de avaliação sobre a candidatura da Ucrânia.
Na sequência deste relatório, cabe ao Conselho Europeu (os chefes de Estado e de Governo da UE) decidir, por unanimidade, conceder à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão.
O Conselho Europeu de 23 e 24 de junho, em Bruxelas, será precisamente dominado pelas questões do alargamento, decorrendo em paralelo (dia 23) uma reunião de líderes da UE e dos Balcãs Ocidentais.
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