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Coreia do Norte gasta mais de 600 milhões de euros em testes de armamento em seis meses

Esta quantia permitiria comprar vacinas contra a covid-19 para todos os cidadãos, segundo um estudo divulgado.

Coreia do Norte gasta mais de 600 milhões de euros em testes de armamento em seis meses

O regime coreano já terá gastado este ano até 650 milhões de dólares (608 milhões de euros) em testes de armamento, quantia que permitiria comprar vacinas contra a covid-19 para todos os cidadãos, indica um estudo divulgado esta quinta-feira.

De acordo com o novo relatório do Korea Institute for Defense Analysis (KIDA), o regime de Kim Jong-un gastou entre 400 e 650 milhões de dólares (entre 374 e 608 milhões de euros) no desenvolvimento e testagem de 33 mísseis disparados este ano.

O grupo de reflexão KIDA, criado pelo governo da Coreia do Sul, sublinha que o dinheiro poderia ter “contrariado a escassez alimentar deste ano ou fornecido uma única dose de vacina covid-19 a todos os norte-coreanos”.

Apesar do surto de covid-19 em maio, que infetou até agora mais de 4,3 milhões de pessoas, Pyongyang continuou a apostar no recorde de 18 testes de armas realizados este ano.

Enquanto os relatórios oficias dos media do país afirmam que o surto já está sob controlo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou na semana passada que a situação está “a piorar, não a melhorar”.

“Como exigido pela resposta máxima de emergência, pedimos a toda a população que cumpra rigorosamente as regras antiepidémicas”, disse esta quinta-feira Kim Hye Kyong, responsável pelo saneamento, em Pyongyang, à agência noticiosa AFP.

Apesar de enfrentar uma escassez alimentar crónica, agravada por um bloqueio autoimposto para se proteger da pandemia e por sanções internacionais em resposta aos seus programas de armamento, a Coreia do Norte tem recusado repetidamente ajudas de outros países, como o fornecimento de vacinas pela OMS ou assistência médica de Seul e Washington.

Os meios de comunicação oficiais, que geralmente relatam os testes de armamento bem-sucedidos em 24 horas, não noticiaram os últimos lançamentos de mísseis.

O diretor da Organização Não-Governamental sul-coreana Liberty, Sokeel Park, considerou a lacuna de informação um indicador de que os norte-coreanos sabem muito pouco “sobre os recursos que o seu governo atirou ao mar”, através da rede social Twitter.

Nas últimas semanas, tanto Washington como Seul têm vindo a avisar que o regime de Kim Jong-un se está a preparar para um novo ensaio nuclear.

Na terça-feira passada, a secretária de Estado adjunta dos Estados Unidos, Wendy Sherman, garantiu que haveria uma resposta “rápida e enérgica” se Pyongyang avançasse com aquele que seria o sétimo teste deste tipo.