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Diplomatas franceses estão em greve contra reforma da função pública

Protesto reúne embaixadores e altos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Diplomatas franceses estão em greve contra reforma da função pública

Vários diplomatas franceses espalhados pelo mundo estão hoje em greve para protestar contra uma reforma da função pública proposta pelo Governo, que segundo os mesmos, acabará com o seu estatuto.

Sob o slogan “diplo2metier” (diplomata de profissão), os diplomatas franceses expressam o seu desagrado relativamente à reforma, na adesão à greve e nas redes sociais.

“Como a maioria dos serviços diplomáticos franceses a nível mundial, hoje estou em greve pela defesa de uma diplomacia profissional com as suas capacidades específicas”, comentou um representante nos Estados Unidos (EUA), na sua rede social Twitter.

Vários embaixadores e altos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês anunciaram que se iam juntar à greve, a segunda na história do corpo diplomático do país.

Esta greve foi convocada por vários sindicatos e por um movimento de centenas de jovens diplomatas que temem que a reforma da função pública possa erradicar as especificidades do corpo diplomático enquanto coletivo distinto.

A reforma da função pública mencionada, aprovada pelo Governo, tem como objetivo evitar que os altos funcionários fiquem destacados apenas numa administração específica.

A medida, porém, levará ao desaparecimento de um corpo específico de embaixadores e conselheiros diplomáticos e, segundo os organizadores da greve, ao preenchimento de vários cargos por funcionários públicos sem a formação adequada.

Isto significa que um prefeito ou delegado governamental de um departamento francês pode, em teoria, ser nomeado embaixador noutro país, sem conhecer a língua.

Segundo um artigo publicado no diário Le Monde, um grupo de cerca de 500 funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros criticou a “erradicação brutal do corpo diplomático”, abrindo espaço para “nomeações de conveniência em detrimento da aptidão”.

Numa altura em que a guerra na Ucrânia e a crise pandémica reforçaram a importância da ação internacional e da diplomacia, os signatários lamentam que a França queira enfraquecer a sua capacidade diplomática.

A França tem o terceiro maior corpo diplomático do mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos e da China.

O anterior Ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, opôs-se à reforma e os grevistas esperam que a atual ministra, Catherine Colonna, que também é diplomata, a possa inverter.

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