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Eleições em França: as diferenças que separam Macron e Le Pen, os candidatos que vão disputar a segunda volta

Franceses voltam a ir às urnas a 24 de abril.

Eleições em França: as diferenças que separam Macron e Le Pen, os candidatos que vão disputar a segunda volta

Após a ida dos franceses às urnas, este domingo, Emmanuel Macron conseguiu 27,84% dos votos na primeira volta das eleições presidenciais e vai à segunda volta, no próximo dia 24, com Marine Le Pen, que obteve 23,15%. Da economia à Europa, passando pela aliança do Ocidente contra a Rússia, perceba como cada um dos candidatos se posiciona.

Eram 12 os candidatos às eleições presidenciais em França, mas só dois – Emmanuel Macron e Marine Le Penvão disputar a segunda volta (dia 24 de abril). De acordo com os dados divulgados, esta segunda-feira, pelo Ministério do Interior francês, a abstenção ficou em 26,31%, tendo votado 35,14 milhões dos 48,75 milhões de eleitores inscritos.

O Presidente francês poderá ser reeleito na segunda volta, de acordo com sondagens realizadas após a primeira volta. Macron conta com entre 54%-51% das intenções de voto contra 46%-49% para Le Pen, o que significa que a disputa pode ser muito mais renhida do que há cinco anos, quando o Presidente ganhou com 66,1% dos votos e a candidata da União Nacional (extrema-direita) obteve 33,9%.

Com a Europa a enfrentar uma guerra com consequências não só geopolíticas mas também, e sobretudo, económicas e humanitárias – com uma crise de refugiados sem precedentes desde a II Guerra Mundial – importa saber como se posicionam os dois candidatos ao Eliseu. Além disso, recorde-se, até junho deste ano, França preside ao Conselho da União Europeia.

Economia


Marine Le Pen: A herdeira de extrema-direita transformou a antiga Frente Nacional num partido protecionista. Quer implementar uma política de “compre nacional” para concursos públicos, reduzir a idade mínima de reforma para os 60 anos para quem começou a trabalhar antes dos 20, eliminar o imposto de renda para menores de 30 anos e reduzir o IVA sobre a energia de 20% para 5,5%. Em cinco anos pretende ainda aumentar os salários e recrutar mais funcionários hospitalares e quer aumentar em 15% o salário dos professores. O programa económico mais à esquerda das últimas décadas, diz Gilles Ivaldi, analista político citado pela Reuters

Emmanuel Macron: Promete concluir a sua reforma das pensões, que visa unificar diferentes sistemas de pensões num único, mas insiste em aumentar a idade de reforma de 62 para 65 anos. Pretende garantir também o subsídio de desemprego até dois terços do salário durante dois anos a trabalhadores que fiquem desempregados, e promete benefícios automáticos para aqueles que se qualificam

Europa

Marine Le Pen: Apesar de ter deixado cair os planos para abandonar a moeda única e pagar a dívida francesa em francos, promete cortar as contribuições para os cofres da União Europeia (UE). Uma ação que colocaria Paris em rota de colisão com Bruxelas. A verdade é que para Le Pen, a lei francesa deve prevalecer sobre as regras europeias, sustentando aliás que a UE deve ser substituída por uma “Europa das nações”. Além disso, pretende empregar agentes alfandegários para verificarem as mercadorias que entram no país, inclusive de países da UE, supostamente para combater fraudes. Uma medida que, analistas consultados pela Reuters, consideram que prejudicaria o mercado único

Emmanuel Macron: acérrimo eurófilo pretende continuar a desenvolver o diz ser a “autonomia estratégica” da Europa na defesa, tecnologia, agricultura e energia e reduzir a dependência do bloco de outras potências. Nos últimos cinco anos, Macron procurou reorientar a UE para uma postura mais protecionista, bloqueando alguns acordos de livre comércio com outros blocos como o Mercosul e criando um mecanismo que aumenta o escrutínio de aquisições externas de empresas estratégicas da UE. Quer ainda aumentar a regulamentação sobre os gigantes da tecnologia norte-americanos e gostaria de criar um “metaverso europeu” para competir com o Facebook

Aliança Ocidental

Marine Le Pen: Quer retirar a França do comando integrado da Aliança Atlântica (NATO) e os opositores acusam-na de ser próxima a Moscovo. A verdade é que o seu partido recebeu um empréstimo de um banco russo em 2014 e a própria Le Pen foi recebida pelo presidente russo no Kremlin, antes das eleições de 2017. Apesar de ter publicamente condenado a invasão da Ucrânia, teme-se que possa ser uma aliada da Rússia no pós-guerra. Em entrevista à Reuters, autodenominou-se “gaulista” e disse que procuraria uma política externa à mesma distância de Washington e Moscovo

Emmanuel Macron: Embora tenha sido crítico da NATO ao dizer que estava em “morte cerebral”, considera que a invasão russa da Ucrânia trouxe a Aliança Atlântica “de volta à vida”, mas tem procurado tornar os europeus menos dependentes das forças armadas dos EUA. Macron tem tentado persuadir a UE no sentido de concentrar-se mais no Indo-Pacífico e na crescente influência da China. Há quem diga que pretende aliar-se à nova aliança de segurança EUA-Reino Unido-Austrália – apelidada de AUKUS – contra a China ou tentar persuadir a UE a seguir uma política independente em relação a Pequim.

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