Há vários anos que a Antártida é objeto de estudo sobre os efeitos das alterações climáticas, mas a proposta de criação de uma reserva natural tem sido sucessivamente bloqueada. No entanto, uma equipa de investigadores quer mostrar por que razão é crucial proteger este ecossistema.
Todos os pinguins são como sentinelas marinhos, visto que qualquer alteração no seu comportamento é um alerta de que algo não está bem, o que é útil para os investigadores entenderem os efeitos das alterações climáticas numa das regiões mais remotas de todo o planeta.
Os cientistas da Universidade de Stony Brook usam as colónias de pinguins-de-adélia como um bioindicador da vitalidade de todo o ecossistema.
Esta espécie distingue-se por construir ninhos com pedras em solo seco, procurando sempre o mesmo local onde já nidificaram.
Com o aumento médio das temperaturas de inverno, que nas últimas décadas foi superior a 5º Celsius, o gelo que se forma na superfície oceânica derrete e há maior evaporação de água do mar, o que gera mais precipitação e maior acumulação de neve.
Quando derrete, encharca os ninhos dos pinguins-de-adélia, o que inviabiliza os ovos, diminuindo os nascimentos e provocando o declínio das colónias.
No mar de Weddell, há ainda outro fator que está a contribuir para a diminuição desta espécie: a base da alimentação destes pinguins, o krill antártico, está a ser pescado industrialmente, diminuindo a oferta de nutrientes às aves.
Os pinguins-de-adélia foram, assim, escolhidos para um estudo que poderá acelerar a criação de uma área marinha protegida onde toda a pesca seria proibida, apesar da resistência da Rússia e da China.
Atualmente, menos de 8% dos oceanos têm classificação de área marinha protegida, mas se esta for consagrada, será a maior do planeta.