Os Estados Unidos (EUA) anunciaram esta sexta-feira que vão propor uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU para “atualizar e fortalecer” as sanções internacionais contra a Coreia do Norte, face ao lançamento de um míssil balístico intercontinental.
Perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, numa reunião de emergência convocada para debater o tema, a embaixadora norte-americana, Linda Thomas-Greenfield, defendeu a necessidade de fortalecer as sanções ao regime norte-coreano diante das “provocações cada vez mais perigosas” de Pyongyang.
“O Conselho de Segurança deve falar publicamente e a uma só voz para condenar a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) pelas suas ações ilegais e encorajar [o regime norte-coreano] a retornar à mesa de negociações”, disse a diplomata.
Pyongyang lançou na quinta-feira um míssil balístico intercontinental (ICBM) que, segundo o Exército sul-coreano, voou cerca de 1.080 quilómetros, atingindo uma altura máxima de cerca de 6.200 quilómetros antes de cair no Mar do Japão (chamado de Mar do Leste nas duas Coreias).
Este é o primeiro projétil desse tipo disparado pela Coreia do Norte em quase cinco anos e o teste significa uma nova rutura da moratória que havia sido autoimposta nesta área antes da sua primeira cimeira com os EUA, em 2018.
“Deixem-me ser clara: os EUA condenam absolutamente o lançamento do míssil balístico intercontinental da RPDC em 24 de março. Esse lançamento violou várias resoluções do Conselho de Segurança. Foi uma escalada notória e não provocada e representa uma ameaça ao regime de proliferação global e a toda a comunidade internacional. Este lançamento merece uma resposta imediata do Conselho”, pediu Linda Thomas-Greenfield.
A diplomata mostrou-se totalmente contra o relaxamento das punições, algo que países aliados de Pyongyang, como a China e a Rússia, vêm pedindo.
Contudo, tanto Pequim, quanto Moscovo, têm poder de veto no Conselho de Segurança, pelo que podem bloquear a imposição de novas sanções.
“Não podemos ficar de braços cruzados diante das repetidas violações da resolução de segurança da RPDC. (…) Também ouvimos pedidos recentes de alívio de sanções para a RPDC. Mas porque é que o Conselho de Segurança deveria recompensar o mau comportamento? A RPDC quebrou a sua moratória autoimposta no lançamento de ICBMs e mostrou repetidamente que está mais interessada em avançar com os seus programas de armas ilegais do que investir no bem-estar de seu próprio povo”, avaliou.
Ainda de acordo com a norte-americana, oferecer alívio de sanções enviaria a mensagem errada a outros proliferadores de armas de destruição em massa.
“Os regimes de sanções exigem atualização e manutenção regulares para serem eficazes. Agora é a hora de fazer essas atualizações críticas. Portanto, peço a todos os meus colegas membros do Conselho que abordem as negociações de um texto de forma construtiva em direção ao nosso objetivo comum de desnuclearização”, apelou Linda Thomas-Greenfield.
Posição semelhante foi defendida por vários aliados dos EUA, como a diplomata do Reino Unido, Barbara Woodward, que condenou o lançamento do míssil por parte da Coreia do Norte e pediu uma atualização urgente das sanções.
“Somente este ano, 13 mísseis balísticos foram lançados em 10 conjuntos de testes – cada um deles uma violação das resoluções do Conselho de Segurança. Estamos profundamente preocupados com o ritmo acelerado desses lançamentos e a capacidade crescente que eles representam. Que não haja dúvidas da clara ameaça que a Coreia do Norte representa para a segurança internacional”, disse a britânica.
“À medida que o Governo norte-coreano continua a despejar recursos em programas de armas, a situação humanitária no país pode estar a piorar. (…) Exortamos a Coreia do Norte a permitir que os trabalhadores humanitários da ONU realizem uma avaliação independente das necessidades e permita que a ajuda flua livremente para o país”, acrescentou, num apelo à vertente humanitária.
Já o embaixador da França na ONU, Nicolas De Riviere, instou Pyongyang a envolver-se num processo de “desmantelamento completo, verificável e irreversível dos seus programas de armas de destruição em massa” e apelou à retoma do diálogo.
Por outro lado, o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, advogou que não devem ser tomadas ações “que levem a maiores tensões” e apelou a que seja oferecida “uma proposta atraente para abrir caminho ao diálogo”.
O Conselho de Segurança da ONU – que proibiu a Coreia do Norte de realizar esse tipo de teste – teve hoje uma reunião aberta para discutir o tema, após várias reuniões à porta fechada cada vez que a Coreia efetuou testes de armas.
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