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Exército israelita terá disparado deliberadamente contra grupo da jornalista morta na Cisjordânia

Shireen Abu Akleh foi abatida com uma bala na cabeça quando fazia reportagem sobre um ataque israelita.

Exército israelita terá disparado deliberadamente contra grupo da jornalista morta na Cisjordânia

Testemunhas disseram ao canal de televisão CNN que acreditam que o Exército israelita terá disparado de forma deliberada contra um grupo jornalistas em 11 de maio, quando a repórter palestiniano-norte-americana Shireen Abu Akleh foi morta na Cisjordânia.

Num vídeo do operador de câmara da Al Jazeera Majdi Banura divulgado, é possível ver o momento em Shireen Abu Akleh, de 51 anos, foi abatida com uma bala na cabeça, junto da entrada do campo de refugiados de Jenin, onde estava a cobrir um ataque israelita com outros jornalistas.

“Assim que ela [Notes:Shireen Abu Akleh] caiu, eu não entendi que ela [tinha sido baleada]. Eu estava a ouvir o som das balas, mas não estava a entender que eles [militares israelitas] estavam a vir na nossa direção. Eu não estava a perceber”, disse a jornalista palestiniana Shatha Hanaysha, à CNN.

Quando Shireen Abu Akleh foi baleada, Shatha Hanaysha disse que ficou em choque, sem conseguir entender o que se estava a passar, pensando que a sua colega tinha apenas tropeçado.

Novas provas

No entanto, uma investigação da CNN oferece novas provas- incluindo dois vídeos do tiroteio – de que não houve um combate ativo, nem militantes palestinianos, perto de Shireen Abu Akleh nos momentos que antecederam a sua morte.

Os vídeos obtidos pela estação de televisão norte-americana, confirmados por depoimentos de oito testemunhas oculares, um analista forense de áudio e um especialista em explosivos, sugerem quem a jornalista palestiniano-norte-americana foi morta num ataque direcionado pelas forças israelitas.

Salim Awad, de 27 anos, o residente no campo de Jenin que fez um vídeo de 16 minutos, disse à CNN que não havia palestinianos armados ou confrontos na área e que não esperava que houvesse tiros, devido à presença de jornalistas na área.

“Não houve conflito ou confronto. Éramos cerca de 10 pessoas, mais ou menos, lá, a rir e a brincar com os jornalistas. Não tínhamos medo de nada. Não estávamos à espera que acontecesse nada, porque quando vimos jornalistas por perto, achámos que seria uma zona segura”, indicou.

O jovem disse que o tiroteio começou cerca de sete minutos depois de ter chegado ao local.

O seu vídeo mostra o momento que forma disparados tiros contra os quatro jornalistas — Abu Akleh, Hanaysha, Mujahid al-Saadi e o produtor da Al Jazeera Ali al-Samoudi, que ficou ferido — quando caminhavam, pelas 06:30, em direção a Jenin, onde moram cerca de 345.000 pessoas, das quais 11.400 vivem no campo de refugiados.

Muitos estavam a caminho do trabalho ou da escola, e a rua estava relativamente tranquila.

O exército israelita afirmou na segunda-feira que mesmo que um dos seus soldados tenha disparado a bala que matou a jornalista palestiniano-norte-americana Shireen Abu Akleh na Cisjordânia, não parece ser culpado de “atividade criminosa”, segundo o seu inquérito preliminar.

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