Guerra Rússia-Ucrânia

Gás pago em rublos: economicamente “pode ser considerada arma atómica” com “fortíssimos impactos para Europa”

O comentador da SIC, José Milhazes, reage às imposições russas quanto ao fornecimento de gás.

Perante o cenário do pagamento do gás russo em rublos (moeda russa), a Rússia arrisca deixar de exportá-lo para Europa. Este contra-ataque de Moscovo face às sanções económicas impostas pelo Ocidente viola todos os contratos assinados entre o país e os Estados-membros da UE. O comentador da SIC, José Milhazes, considera que esta medida é “claramente uma forma de chantagem ao mais alto nível”.

“O corte brusco do fornecimento de gás, irá ter consequências fortíssimas para a Europa. Durante algum tempo, a Alemanha e outros países europeus vão ter grandes dificuldades em encontrar fornecimentos equivalentes àqueles que os russos forneciam“, prevê o comentador da SIC.

O pagamento em rublos envolverá uma metodologia nova, visto que a moeda russa é “muito instável” e tal facto pode eventualmente servir para a Rússia “ditar preços”.

Questionado sobre as implicações deste contra-ataque para a Rússia, José Milhazes aponta para o prejuízo russo, mas “para Putin isso não é problema nenhum” e a “fatura não é ele que paga, são os russos comuns que vão acabar por pagar”.

Relativamente à notícia de que Putin estará a ser enganado pelos conselheiros e pelos próprios militares na Ucrânia, o comentador da SIC adianta que Putin se colocou numa situação “grave”, alimentado de tal forma a “propaganda” que “agora não sabe parar”.

“A propaganda russa faz lembrar uma locomotiva, encheram de carvão o fogareiro e puseram tanto carvão que agora não sabem como travar”.

Vladimir Putin já assinou o decreto para que o gás russo passe a ser pago em rublos. A medida entra em vigor dia 1 de abril.

Se o Kremlin insistir que os contratos atuais em euros e dólares sejam alterados para rublos arrisca incorrer numa violação dos protocolos internacionais.