Guerra Rússia-Ucrânia

Imagens de Bucha não estão longe de um genocídio, diz Boris Johnson

O Governo britânico geralmente evita usar o termo “genocídio”, alegando que cabe aos tribunais decidir sobre a qualificação, mas Boris Johnson quebrou ‘a regra’.

As imagens de civis mortos nas ruas de Bucha “não estão longe de um genocídio”. A frase foi proferida, esta quarta-feira, pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

“Temo que quando olhamos para o que aconteceu em Bucha, para o que [o Presidente] Putin está a fazer na Ucrânia, estejamos perante algo não muito distante de um genocídio, na minha opinião. Não é, por isso, de admirar que as pessoas estejam a responder como estão”, disse Boris Johnson em declarações aos jornalistas citadas pela Reuters.

O Governo britânico geralmente evita usar o termo “genocídio”, alegando que cabe aos tribunais decidir sobre a qualificação. “Não tenho dúvidas de que a comunidade internacional, o Reino Unido na linha da frente, voltará a atuar em concertação para impor mais sanções e penalidades ao regime de Vladimir Putin“, acrescentou.

Antes destas declarações, Boris Johnson divulgou um vídeo em russo sobre o que classifica de “atrocidades” cometidas em Bucha. “O vosso presidente é acusado de cometer crimes de guerra”, afirma na mensagem, acrescentando não acreditar que Putin esteja a agir em nome do povo da Rússia.

A comunidade internacional tem reagido à denúncia das autoridades ucranianas da existência de mais de 400 cadáveres nas ruas de Bucha, a oeste de Kiev, no seguimento da ocupação pelas forças russas, situação também documentada no terreno por vários ‘media’ internacionais.

A Rússia negou “categoricamente” as acusações de “massacre” e “genocídio” relacionadas com descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Busha, nos arredores de Kiev, e anunciou uma “avaliação judicial da provocação” ucraniana.

Moscovo convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de “provocações odiosas” da Ucrânia, que denunciou o assassínio de civis por tropas russas em Busha, mas esta não decorreu na segunda-feira perante a oposição da presidência britânica.

O embaixador russo nas Nações Unidas afirmou ainda que “nem um único residente de Bucha sofreu qualquer violência às mãos dos russos” e prometeu apresentar esta terça-feira, na reunião do Conselho de Segurança, provas de que as agressões contra civis têm partido dos próprios ucranianos.

Os homicídios em Bucha foram também denunciados pela organização de direitos humanos Human Rights Watch num comunicado publicado este domingo, no qual detalha casos de execuções de civis, ameaças, violações e saques cometidos presumivelmente por soldados russos.

Imagens nas televisões e jornais de dezenas de corpos em valas comuns ou espalhados pelas ruas dos arredores da capital ucraniana, no fim de semana, na sequência da retirada russa, estão a chocar os países ocidentais.

Veja também

ACOMPANHE O CONFLITO NA UCRÂNIA

Saiba mais