O fim do dia mostra o fumo dos bombardeamentos na periferia de Kiev. A cidade está vazia. Sobram os militares e as milícias armadas que guardam o silêncio das ruas desertas. Kiev é uma espécie de cidade fantasma, nua de gente e de vida. Esta terrível visão de abandono é anacrónica e devastadora. É como olhar para nada para tentar ver tudo.
“Deus tomará conta de nós, Deus e os soldados ucranianos”, disse uma senhora que encontrei na rua, e cujo o nome não me lembro, mas o olhar não esqueço; porque é o mesmo que vi nos rostos de todos os que fui encontrando, desde a fronteira de Przemil, até esta cidade.
E se este olhar, partilhado por uma nação, é de medo e ansiedade, também se percebe nele a resiliência, daquela, capaz de dar lições ao mundo.