O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, admitiu esta sexta-feira a extradição para a Rússia de Sofia Sapega, detida com o jornalista Roman Protasevich em 2021, num avião comercial que foi desviado para Minsk por um caça de combate.
Sapega, de nacionalidade russa, foi detida em 23 de maio de 2021, quando viajava da Grécia para a Lituânia com o namorado bielorrusso Protasevich num avião da Ryanair que foi forçado a aterrar em Minsk devido a uma “ameaça de bomba”, que uma investigação da ONU concluiu ter sido “deliberadamente falsa”.
“É uma pena para a rapariga, temos de resolver este assunto”, disse Lukashenko à agência bielorrussa BelTA, segundo a russa TASS.
Lukashenko lembrou que a Bielorrússia e a Rússia têm um acordo de extradição.
“Afinal, ela é uma cidadã russa. Temos esta prática. Podemos entregar uma cidadã russa à Rússia. Ela pode cumprir a sua pena lá. Ou podem fazer lá o que quiserem”, afirmou. “Penso que ela aprendeu a sua lição”, acrescentou.
Sofia Sapega foi condenada a 6 anos de prisão
Em 6 de maio, um tribunal bielorrusso condenou Sofia Sapega a seis anos de prisão, depois de ter sido considerada culpada de “incitar ao ódio e à discórdia social por motivos ideológicos”.
A jovem de 24 anos também foi condenada ao pagamento de uma multa equivalente a mais de 50.000 euros por recolha e distribuição ilegal de dados pessoais.
O julgamento decorreu no tribunal regional de Grodno, 300 quilómetros a oeste de Minsk, perto da fronteira da Bielorrússia com a Polónia e a Lituânia.
Sapega não recorreu da sentença, segundo a TASS.
Roman Protasevich é um dos fundadores do Nexta
Roman Protasevich, 27 anos, é um dos cofundadores e ex-editor-chefe do canal ‘online’ Nexta, que foi declarado como extremista pelas autoridades da Bielorrússia.
Em 2020, o Nexta desempenhou um papel de liderança na onda de protestos contra a reeleição de Lukashenko, que governa a Bielorrússia com “punho de ferro” desde 1994.
Lukashenko é um aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, e apoiou a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.
O desvio do avião em que seguia Protasevich e a namorada
O avião da Ryanair em que viajavam Protasevich e a namorada russa foi forçado a aterrar no aeroporto de Minsk por um caça MiG-29 da força aérea bielorrussa.
O desvio do avião comercial foi condenado pela União Europeia e pela generalidade da comunidade internacional.
A Bielorrússia alegou que intercetou o avião por ter recebido uma “ameaça de bomba”, mas uma investigação da ONU concluiu que era “deliberadamente falsa”.
Protasevich, que vivia fora da Bielorrússia desde 2019, e Sapega apareceram depois em vídeos a afirmar que tinham confessado os seus alegados crimes, mas apoiantes do jornalista denunciaram que o fizeram sob coação.
Protasevich encontra-se em prisão domiciliária na Bielorrússia à espera de julgamento, segundo a agência francesa AFP.