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O que se passa no Cazaquistão?

O último balanço aponta para dezenas de mortos e milhares de feridos durante os protestos.

O que se passa no Cazaquistão?

Doze elementos das forças de segurança foram mortos e 353 ficaram feridos durante os protestos que abalam o Cazaquistão há vários dias, mas, afinal, o que se passa no país da Ásia Central?

Tudo começou no domingo, 2 de janeiro, com o aumento do preço do gás natural liquefeito (GNL). O GNL é um dos combustíveis mais utilizados nos transportes do Cazaquistão. O preço subiu de 60 tengues por litro (12 cêntimos) para o dobro – 120 tengues (24 cêntimos).

Em resposta a esta subida, começaram os protestos. A onda de indignação começou na cidade de Janaozen, no oeste do país. Espalharam-se depois para outras regiões, chegando a Almaty, a capital económica do Cazaquistão.

O Governo tentou acalmar os ânimos, reduzindo o preço do GNL para cerca de 10 cêntimos por litro, mas os protestos continuaram e intensificaram, resultando em confrontos com a polícia.

Edifícios do Governo e do poder local foram invadidos, incluindo a Câmara Municipal de Almaty. Os manifestantes entraram também no aeroporto, que foi obrigado a cancelar todos os voos.

PRESIDENTE DEMITIU O GOVERNO

Com os protestos a subirem de tom e a tornarem-se violentos, o Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, demitiu o Governo e declarou o estado de emergência em várias regiões até ao dia 19 de janeiro. Nestes locais, está em vigor um recolher obrigatório entre as 23:00 e as 07:00.

Além disso, a Internet e os serviços de mensagens como o Whatsapp, o Signal e o Telegram foram bloqueados.

Numa declaração ao país, o Presidente anunciou que apresentará em breve novas propostas “para a transformação política do Cazaquistão” e denunciou “o alto nível de organização” das pessoas que participaram nos protestos.

Chama a atenção o alto grau de organização destes bandidos. Isso é sinal de um plano de ação altamente organizado de conspiradores financeiramente motivados”.

BALANÇO: DEZENAS DE MORTOS E MILHARES DE FERIDOS

Num balanço divulgado esta quinta-feira, 12 elementos das forças de segurança foram mortos e 353 ficaram feridos durante os protestos. Em relação aos manifestantes, cerca de mil pessoas pessoas ficaram feridas, 400 delas hospitalizadas, e dezenas mortas pelas forças de segurança.

“O corpo de um deles foi encontrado com a cabeça decepada”, de acordo com o canal Khabar-24, citado pelas agências TASS, Interfax-Kazakhstan e Ria Novosti.

Antes disso, a polícia informou que dezenas de manifestantes foram mortos durante ataques a prédios do governo.

Houve tentativas de invadir edifícios em Almaty durante a noite e “dezenas de agressores foram liquidados”, disse o porta-voz da polícia, Saltanat Azirbek.

ALIANÇA MILITAR ENVIA CONTINGENTE AO CAZAQUISTÃO

Uma aliança militar liderada pela Rússia – a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) – enviou esta quinta-feira um “contingente de manutenção da paz” ao Cazaquistão a pedido das autoridades do país.

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