Elon Musk comprou 9,2% das ações da rede social Twitter, um bloco avaliado em 2,9 mil milhões de dólares e fez os títulos da empresa disparar.
O presidente do conselho de administração, Parag Agrawal, tinha adiantado na semana passada que Musk ia juntar-se à direção e a nomeação devia ser oficialmente efetiva a 9 de abril, mas Elon partilhou nessa mesma manhã que já não ia fazer parte. Agrawal acrescentou ainda que se tratou de uma decisão do próprio.
O bilionário, que agora detém quase 73,5 milhões de ações da empresa, tinha-se tornado um crítico da rede social e tinha mesmo questionado se as regras “aderiam rigorosamente” ao princípio da liberdade de expressão.
Estas críticas tinham levantado dúvidas em alguns quadrantes, incluindo entre os próprios funcionários do Twitter, que estavam preocupados por Musk estar alegadamente a exercer um poder excessivo na empresa para alterar as regras de publicação.
Antes de recusar oficialmente o lugar na direção, Elon Musk divulgou mudanças drásticas que queria impor, mas segundo a Associated Press as consequências da adoção destas ideias podiam ser duradouras.
Aqui estão algumas perguntas e respostas que podem ajudar a compreender a decisão de Elon Musk não querer fazer parte do conselho de administração do Twitter.
Por que razão Musk não quis fazer parte da direção?
Musk informou o Twitter que não iria aceitar o convite para fazer parte do conselho de administração no último sábado, ou seja cinco dias depois de ser convidado, porém não explicou a razão.
Esta decisão coincidiu, ainda assim, com um conjunto de tweets publicados pelo próprio e posteriormente eliminados, que propunham grandes mudanças para a empresa, como a retirada de anúncios – a principal fonte de receita – e a transformação da sede em São Francisco num centro de acolhimento para pessoas em situação de sem-abrigo.
Qual a posição do Twitter?
O CEO do Twitter, Parag Agrawal, explicou que a não entrada de Musk no Conselho de Administração foi “pelo melhor” da empresa, no entanto não deu razões explícitas.
Como é que Musk conseguiu conquistar a sua representação?
Apesar de já ser utilizador do Twitter há muito tempo, Musk começou a comprar ações há relativamente pouco tempo.
No dia 31 de janeiro comprou 620.000 ações a 36,83 dólares cada uma. A partir daí e até dia 1 de abril foi adquirindo centenas de milhares ou mesmo milhões de ações, explica a Associated Press.
No total, Musk controla 73,1 milhões de ações do Twitter, ou seja 9,1% da empresa. As ações custaram-lhe 2,64 bilhões de dólares.
Qual a diferença entre a participação de Musk comparada com outras?
Até ao final da semana passada tudo indicava que Musk seria o maior acionista do Twitter, no entanto um relatório do gigante de investimentos Vanguard Group mostra que o suplantou.
A Vanguard controla 10,3% da empresa através de investimentos feitos pelo conjunto de fundos mútuos e ETFs.
Que impedimentos teria Elon Musk se fizesse parte da direção?
Se Musk tivesse entrado para o conselho de administração, seria apenas uma das várias vozes nas discussões de estratégia e não a voz de comando da empresa.
Ao recusar o lugar, o fundador da Tesla também deixa de estar sob o compromisso de ter uma participação acionista máxima de 14,9%. Ao deixar de ter este limite, Musk pode ter uma participação maior para tentar assumir a empresa ou eleger um conjunto de diretores mais alinhado com o seu pensamento, explica a Associated Press.
O que Musk vai fazer com as ações?
Elon Musk comunicou aos reguladores que possui estas ações para fins de investimento. Ou seja, pode comprar mais, vender ou simplesmente manter as ações, dependendo do que acontecer com preço e outros fatores.
Acrescentou que “não tem planos ou intenções atuais”, mas que podem mudar a qualquer momento.
Qual o principal objetivo do fundador da Tesla?
A maior parte das críticas de Elon Musk ao Twitter centram-se na própria forma de funcionar, que na sua opinião fica muito aquém dos princípios de liberdade de expressão.
Nesta fase, começar uma nova rede social é quase impossível, diz Enrique Abeyta, editor da Empire Financial Research à Associted Press, pelo que o Twitter poderá oferecer o que ele pretende, necessitando apenas de alguns ajustes e novas ideias – que podem variar entre torná-lo privado e na mudança para um modelo baseado em assinatura com menos restrições de discurso, acrescentou Abeyta.
“Ele claramente demonstrou interesse em conciliar as suas crenças com os interesses económicos”, disse o editor da Empire Financial Research à Associted Press.
Musk poderia ser CEO do Twitter?
Provavelmente não. Nem Musk – que já é CEO da Tesla e da SpaceX – nem a maioria dos investidores considerariam uma boa ideia.
“Ele prefere ser o presidente, o homem que salvou o Twitter, mas que também ganhou 10 bilhões de dólares com isso”, afirmou Abeyta.