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Polémica no Governo de Bolsonaro: ministro entrega Bíblias com fotografias suas e de pastores investigados

Pastores estão a ser investigados por alegado acesso a verbas do Ministério da Educação. O ministro Milton Ribeiro deverá deixar o cargo nos próximos dias.

Polémica no Governo de Bolsonaro: ministro entrega Bíblias com fotografias suas e de pastores investigados

O ministro da Educação do Brasil, Milton Ribeiro, afirmou esta segunda-feira que só autorizou a distribuição de exemplares da Bíblia com fotos suas em eventos religiosos. No exemplar constavam ainda imagens de dois pastores evangélicos investigados por suposto acesso ilegal a verbas do Ministério da Educação.

“Em relação aos factos noticiados no dia de hoje, trago os seguintes esclarecimentos: autorizei em 2021 o uso de minha imagem para a produção de algumas Bíblias para distribuição gratuita em um evento de cunho religioso”, escreveu Milton Ribeiro na rede social Twitter.

“Contudo, descobri no final de outubro de 2021 que Bíblias com minha imagem foram distribuídas em outros eventos sem a minha autorização”, completou.

Exemplares distribuídos em reunião com prefeitos e secretários municipais

O jornal O Estado de S.Paulo avançou hoje que exemplares da Bíblia com fotografias do ministro, dos pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, da Igreja Ministério Cristo para Todos — alvos de investigação por suposta atuação ilegal intermediando libertações de verbas do Ministério da Educação em troca de suborno –, foram distribuídos num encontro com prefeitos e secretários municipais organizado pelo Ministério da Educação em 2021, no estado brasileiro do Pará.

Na semana passada, o jornal O Globo publicou relatos de prefeitos brasileiros que disseram ter recebido pedidos de suborno dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na forma da compra de livros e dinheiro para igrejas em troca de acesso a verbas públicas do Ministério da Educação destinadas à construção de escolas.

Ministro da Educação apanhado num áudio

As acusações contra os pastores evangélicos e membros do Governo atuando em conjunto para alegadamente favorecer igrejas tornaram-se um escândalo no Brasil após a revelação de um áudio, na segunda-feira da semana passada, em que o ministro da Educação, que também é pastor evangélico presbiteriano, assegura que o orçamento público da pasta que comanda teria entre suas prioridades promover projetos de igrejas evangélicas ligados ao Governo.

“Minha prioridade é atender, em primeiro lugar, os municípios que mais precisam e, em segundo lugar, atender a todos aqueles que são amigos do pastor Gilmar”, disse Ribeiro em conversa veiculada pelo Folha de S.Paulo.

Procuradoria-Geral da República vai investigar

O Supremo Tribunal Federal autorizou a Procuradoria-Geral da República a abrir uma investigação contra o ministro pela suposta existência de um gabinete paralelo na pasta da Educação.

O ministro Milton Ribeiro já terá deixado em aberto a saída do cargo, de acordo com as últimas informações avançadas pela imprensa brasileira. Inicialmente, o Presidente brasileiro não queria afastar o responsável pela pasta da Educação, mas está a ser pressionado a fazê-lo.