A Polícia Federal brasileira concluiu que o Presidente do país, Jair Bolsonaro, não interferiu ilegalmente na corporação, como tinha denunciado o seu ex-ministro da Justiça, e agora possível candidato presidencial, Sergio Moro.
Um relatório policial apresentado ao Supremo Tribunal indicou que “nenhuma prova consistente” foi encontrada contra o Presidente, no âmbito de uma investigação aberta contra ele em abril de 2020, com base nas acusações da Moro.
“As amplas provas recolhidas no processo demonstram que não houve interferência política que tenha tido um impacto direto no trabalho da polícia”, disse o comissário responsável pelo caso, Leopoldo Soares.
Salientou também que cerca de vinte pessoas foram entrevistadas e que “todos os testemunhos foram assertivos ao afirmar que não receberam qualquer orientação, nem qualquer pedido (…) para influenciar as investigações” da instituição.
A polícia também excluiu a apresentação de queixa contra Moro, que estava ele próprio a ser investigado por uma possível difamação.
Sérgio Moro já reagiu através do Twitter indicado que “a Polícia Federal produziu um documento de 150 páginas para dizer que não houve interferência do presidente na PF, mas certamente, as quatro trocas de diretores da PF falam mais alto do que as 150 páginas desse documento”.
SUSPEITAS CONTRA BOLSONARO SURGIRAM DE ALEGAÇÕES DE MORO
As suspeitas contra o Presidente brasileiro surgiram de alegações de Moro, que, quando se demitiu do cargo de ministro da Justiça em Abril de 2020, declarou que Bolsonaro o tinha pressionado a mudar a liderança da Polícia Federal, o que acabou por conseguir.
Moro acusou então publicamente o governante de tentar “interferir politicamente”, e ilegalmente, na Polícia Federal, um organismo autónomo, embora ligado ao Ministério da Justiça, que realiza investigações contra alguns dos filhos do Presidente.
Segundo o antigo juiz, estas alegadas pressões foram explicitadas numa reunião ministerial realizada dias antes da sua demissão, a qual foi gravada em vídeo e cujo conteúdo foi posteriormente divulgado.
Nessa reunião, Bolsonaro, visivelmente irritado, lamentou a pouca informação que lhe foi fornecida pela Polícia Federal.
Como resultado deste escândalo, a relação entre Bolsonaro e Moro, que se tornou popular durante o seu tempo como juiz nos casos de corrupção da Operação Lava Jato e por ter levado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão, quebrou-se.