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Seis meses de talibãs no poder: o reflexo de um Afeganistão em desgraça

Mais de 39 milhões de pessoas estão reféns da miséria para que foram empurrados.

Seis meses de talibãs no poder: o reflexo de um Afeganistão em desgraça

A tomada do poder pelos talibãs, a 15 de agosto de 2021, marcou um retrocesso no desenvolvimento do Afeganistão, sobretudo a nível socioeconómico. Nove em cada 10 afegãos vive, agora, abaixo do limiar da pobreza.

Seis meses depois do regresso dos radicais a Cabul, a previsão de muitos analistas e, da maioria do afegãos, confirma-se: os talibã não mudaram.

Não se modernizaram, não moderaram atitudes e comportamentos. São radicais islamitas, que perseguem quem os desafia.

O mundo identificou o perigo e não reconhece o Governo de Cabul, sendo que também desconfia do destino que dariam ao dinheiro da ajuda humanitária. Por isso as torneiras fecharam-se.

A economia afegã está à beira do colapso: os apagões são frequentes, a insegurança alimentar galgou vários degraus e a ONU alerta que um milhão de crianças correm risco de fome. 90% dos cidadãos afegãos vivem abaixo do limiar da pobreza, com apenas 1,60 euros por dia.

Há afegãos a venderem os próprios órgãos para sobreviverem. As cicatrizes testemunham os rins que tiveram como destino o mercado negro dos transplantes. Os filhos, sobretudo meninas, também são transacionáveis.

Os fundos do Banco Central afegão foram congelados desde que os Talibã assumiram o controlo, na sequência da retirada das forças norte-americanas.

Na sexta-feira, o presidente norte-americano, Joe Biden, assinou uma ordem executiva que permite confiscar 7 mil milhões de dólares de reservas do Banco Central afegão depositadas nos Estados Unidos.

A Casa Branca quer que metade do dinheiro seja reservado para pedidos de indemnização de familiares de vítimas do 11 de setembro. A outra metade diz Joe Biden, deve ser canalizado em benefício dos afegãos, mas sem cair nas mãos dos talibã.