O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manifesta-se disposto a continuar o diálogo com a Rússia sobre a crise ucraniana, mas adverte para “consequências rápidas e severas” do abandono por Moscovo da diplomacia e um ataque à Ucrânia.
Numa declaração divulgada esta segunda-feira para coincidir com o início de uma reunião sobre a crise ucraniana no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), Joe Biden defende que os EUA apresentaram “em pormenor a natureza completa da ameaça da Rússia à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.
Afirma ainda que Washington esclareceu as implicações desta ameaça “não só para a Ucrânia, mas para os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas e da ordem internacional moderna”.
A Rússia e os Estados Unidos confrontaram-se esta segunda-feira no Conselho de Segurança a propósito das tropas russas concentradas na fronteira com a Ucrânia, enquanto os países ocidentais intensificam esforços diplomáticos para evitar a eclosão de um conflito militar.
Esta reunião do Conselho de Segurança, com início previsto para as 16:00 TMG (e de Lisboa), realiza-se a pedido dos Estados Unidos, apesar da forte oposição da Rússia, outro dos cinco membros permanentes do órgão das Nações Unidas.
Washington acusado de tentar “criar histeria”
Um pouco antes do início, o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, acusou Washington de tentar “criar histeria” e “enganar a comunidade internacional” com “acusações infundadas” para convocar a primeira reunião do Conselho de Segurança sobre a crise na Ucrânia.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, acusou a Rússia de querer enviar “até ao início de fevereiro mais de 30.000 tropas” para a Bielorrússia, perto da Ucrânia.
“Temos provas de que a Rússia pretende aumentar a sua presença para mais de 30.000 militares” na Bielorrússia, perto da fronteira com a Ucrânia “no início de fevereiro”, revelou.
Essas tropas estarão “a menos de duas horas de Kiev”, especificou, afirmando também que esta segunda-feira a Rússia enviou para a Bielorrússia 5.000 soldados, incluindo forças especiais, mísseis e baterias antiaéreas.
Rússia acusada de ter mais de 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia
Apesar deste retrato feito pelos EUA, o Presidente norte-americano garantiu que, “se a Rússia estiver a ser sincera em abordar as respetivas preocupações de segurança através do diálogo, os Estados Unidos e os seus aliados e parceiros continuarão a empenhar-se de boa-fé”.
“Se, em vez disso, a Rússia optar por abandonar a diplomacia e atacar a Ucrânia, assumirá a responsabilidade e enfrentará consequências rápidas e severas”, advertiu Joe Biden, numa declaração a que a Lusa teve acesso.
A Rússia é acusada pelo ocidente de ter concentrado mais de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, com vista a uma ofensiva militar contra aquele país.
A Rússia nega a intenção de invadir o país vizinho, mas pede garantias escritas sobre a sua segurança, incluindo a recusa de adesão da Ucrânia à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) e o fim do reforço militar da Aliança Atlântica ao leste da Europa.
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