O Governo da Ucrânia disse esta sexta-feira ter “pistas preliminares” que indicam um possível envolvimento dos serviços secretos russos no ciberataque contra vários dos seus ministérios.
“O serviço de segurança obteve pistas preliminares que sugerem que grupos de hackers [piratas informáticos] associados aos serviços secretos russos podem estar por detrás do ataque cibernético massivo de hoje”, escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko, na rede social Twitter, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
De acordo com uma declaração do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano), os ataques visaram 70 sites governamentais.
Dez dos sites foram objeto de “interferência não autorizada”, disse o SBU, assegurando que o “conteúdo não foi modificado nem foram divulgados dados pessoais”.
Vários sites do Governo ucraniano foram esta sexta-feira alvo de um ataque cibernético no meio de tensões entre a Ucrânia e a Rússia, que Kiev e o Ocidente acusam de estar a preparar uma invasão do país vizinho.
Os websites de várias agências governamentais, incluindo do Ministério dos Negócios Estrangeiros e dos serviços de emergência, estiveram inacessíveis ao longo do dia, segundo a AFP.
Antes de o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros ter ficado inacessível, os autores do ataque colocaram uma mensagem na página principal em ucraniano, russo e polaco.
“Ucranianos, tenham medo e preparem-se para o pior. Todos os vossos dados pessoais foram carregados na web”, lia-se na mensagem, de acordo com a AFP.
A mensagem era acompanhada de vários logótipos, incluindo uma bandeira ucraniana com uma cruz.
Um ataque informático em grande escala contra as infraestruturas estratégicas da Ucrânia, a fim de perturbar as autoridades, é um dos cenários mencionados como um possível prenúncio de uma ofensiva militar clássica.
A Ucrânia tem sido repetidamente alvo de ataques cibernéticos atribuídos à Rússia nos últimos anos, incluindo em 2017, contra várias infraestruturas críticas, e em 2015, contra a sua rede de eletricidade.
Depois de ter integrado a antiga União Soviética, a Ucrânia tornou-se independente em 1991, após a dissolução do bloco controlado por Moscovo.
Em 2014, na sequência da Revolução Laranja que levou ao afastamento do presidente pró-Moscovo Viktor Yanukovych, a Rússia invadiu e anexou a península ucraniana da Crimeia.
Desde então, Moscovo tem alegadamente patrocinado uma guerrilha na região industrial de Donbass, no leste da Ucrânia, que já provocou mais de 13.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo dados da ONU.
Nos últimos meses, a Rússia colocou mais de 100.000 tropas e armamento pesado junto à fronteira com a Ucrânia, suscitando o receio em Kiev e nos países ocidentais de um novo ataque contra o país, uma intenção negada por Moscovo.
A crise na fronteira da Ucrânia foi alvo, esta semana, de conversações separadas da Rússia com os Estados Unidos, com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) e com a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).
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