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Ucrânia: ministro russo diz que ultimatos do ocidente “não vão levar a nada”

Começam hoje as manobras militares conjuntas entre a Rússia e a Bielorrússia em território bielorrusso, nomeadamente em zonas perto da fronteira ucraniana.

Ucrânia: ministro russo diz que ultimatos do ocidente “não vão levar a nada”

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, disse hoje que os ultimatos e as ameaças do ocidente contra a Rússia “não levam a nada”.

“As referências ideológicas, os ultimatos e as ameaças não vão levar a nada”, declarou Lavrov no início do encontro em Moscovo com a homóloga britânica, Liz Truss, lamentando que “muitos colegas ocidentais demonstram prazer nessa forma [de comunicação]”.

Manobras militares conjuntas entre a Rússia e a Bielorrússia

O encontro entre Lavrov e Truss ocorre no mesmo dia em que começam as manobras militares conjuntas entre a Rússia e a Bielorrússia em território bielorrusso, nomeadamente em zonas perto da fronteira ucraniana.

De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, as manobras que começam hoje e se prolongam até ao dia 20 de fevereiro vão decorrer em cinco regiões militares, quatro bases aéreas e em “outros pontos diferentes” da Bielorrússia.

Uma das zonas onde vão decorrer as manobras situa-se em Brest perto da fronteira entre a Bielorrússia e a Ucrânia.  

Por outro lado, a Rússia destacou desde o passado mês de novembro mais de 100 mil soldados para junto das fronteiras orientais da Ucrânia o que fez aumentar no Ocidente o receio de uma invasão.

França considera manobras na Bielorrússia “gesto de grande violência”

Hoje, o chefe da diplomacia francesa considerou estas manobras um “gesto de grande violência” sublinhando que é preciso esperar até ao dia 20 de fevereiro para se apurar que as tropas russas regressam às bases na Rússia, no fim dos exercícios na Bielorrússia.

“São [manobras] de grande escala. Há uma acumulação de exercícios muito significativos, em particular junto das fronteiras com a Ucrânia”, disse Jean-Yves Le Drian em declarações à rádio pública France Inter.

“Por isso, somos levados a pensar que se trata de um gesto de grande violência, que nos preocupa”, acrescentou o chefe da diplomacia francesa. 

A Rússia é acusada pelos países ocidentais de estar a preparar uma nova operação militar contra Kiev, depois da anexação da Crimeia em 2014.

As acusações são rejeitadas por Moscovo que afirma querer obter garantias de segurança face ao “comportamento hostil” de Kiev e da Aliança Atlântica.

“Os anúncios que foram feitos referem que as manobras vão prolongar-se até 20 de fevereiro. Podemos imaginar que quando as manobras acabarem as forças (russas) vão retirar-se. Vamos ver, nessa altura, se isso vai acontecer”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.

“Vai ser um teste com muito significado (…) Veremos se vai haver ou não um ‘processo de atenuação”, disse.

Na quarta-feira, o Presidência francesa referiu-se às iniciativas de Paris em Moscovo, Kiev e Berlim que permitiram “avançar” no sentido de “acalmar” a situação.

“O diálogo com os russos é ‘revigorante’, exigente e, às vezes, penoso”, sublinhou Le Drian, adiantando que a reunião entre os dois chefes de Estado, Vladimir Putin e Emmnanuel Macron, foi “um confronto e um pedido de explicações marcado por uma franqueza muito grande”.

“A força dessa deslocação (a Moscovo) foi a clareza de posições”, afirmou ainda o ministro francês, referindo-se também às discussões entre europeus e aliados da NATO.

Zelensky considera que as tropas russas na fronteira são pressão psicológica

Em Kiev, o chefe de Estado considerou que a concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia são uma nova “pressão psicológica” recordando que o estado de guerra se prolonga desde a invasão da Crimeia, em 2014.

“Nós pensamos que as tropas que se acumulam perto das nossas fronteiras constituem um meio de pressão psicológica por parte dos nossos vizinhos”, disse Zelensky através de um comunicado difundido hoje em Kiev.

“Não há nada de novo. No que diz respeito aos riscos, eles existem e nunca deixaram de existir desde 2014”, acrescentou o chefe de Estado ucraniano referindo-se ao ano da anexação da Crimeia pela Rússia e do início do conflito com os separatistas apoiados por Moscovo no leste da Ucrânia.

“A questão é o nível destes riscos e a forma como nós podemos vir a reagir”, continua Zelensky no mesmo documento.

O Exército da Ucrânia iniciou esta semana manobras militares em território ucraniano prevendo a utilização de aparelhos voadores não tripulados (drones) de fabrico turco e mísseis anticarro enviados por Londres e Washington.

Na quarta-feira, o vice-ministro da Defesa ucraniano, Ganna Malyar, afirmou que as tropas russas concentradas junto da fronteiras “não estão prontas para uma invasão da Ucrânia, “como temem os ocidentais”, mas serviram mais como “chantagem” exercida por parte do Kremlin.

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