A Universidade de Michigan estabeleceu um acordo no valor de 490 milhões de dólares com mais de 1.000 pessoas que acusam um ex-médico desportivo, que exerceu naquela instituição norte-americana durante quase quatro décadas, de agressão sexual.
As vítimas irão agora determinar como dividir 460 milhões de dólares (cerca de 405 milhões de euros), enquanto 30 milhões de dólares (cerca de 25 milhões de euros) ficarão reservados para futuras reivindicações, divulgou a universidade em comunicado.
“Esperamos que este acordo inicie um processo de cura para as vítimas”, salientou o reitor da Universidade de Michigan, Jordan Acker, citado pela agência AP.
“Ao mesmo tempo, o trabalho que começou há dois anos, quando os primeiros corajosos despoletaram o caso, continuará”, acrescentou.
A universidade procurava mediar os vários processos judiciais movidos principalmente por homens que acusaram Robert Anderson de abusos sexuais durante exames médicos de rotina.
O advogado de cerca de 200 vítimas, Parker Stinar, salientou que o processo foi “longo e desafiante” mas que o acordo permitirá “justiça e cura” para as homens e mulheres vítimas dos abusos.
Para o principal denunciante, Tad DeLuca, cuja carta desencadeou uma investigação sobre o médico desportivo, o acordo pode deixar “questões mais profundas sem solução”.
“O acordo vai encobrir a realidade para que [a Universidade de] Michigan possa voltar a parecer maravilhosa para o mundo”, frisou, em declarações à agência AP.
Robert Anderson trabalhou naquela universidade desde 1966 até à sua reforma, em 2003, e foi o diretor do serviço de saúde e médico responsável por várias equipas desportivas, incluindo futebol.
Vários jogadores de futebol e outros atletas juntaram-se e acusaram Anderson, que morreu em 2008, de abuso sexual.
Segundo um relatório de uma empresa externa contratada pela universidade, os funcionários da instituição perderam várias oportunidades para travarem os abusos do médico ao longo dos 37 anos de carreira.
A Universidade de Michigan é regularmente classificada entre as melhores universidades públicas dos Estados Unidos.
Este acordo milionário é um dos vários já estabelecidos por universidades norte-americanas na sequência de escândalos sexuais.