Guerra Rússia-Ucrânia

2014-2022: momentos-chave para perceber o conflito Rússia-Ucrânia

Uma viagem no tempo, em texto e imagem, pelos acontecimentos mais marcantes que conduziram à invasão russa em larga escala em território ucraniano.

2014-2022: momentos-chave para perceber o conflito Rússia-Ucrânia

A Ucrânia tem estado no centro das divergências entre a Rússia e o Ocidente praticamente desde que declarou a independência em relação a Moscovo, em 1991, após ter integrado a União Soviética. Em 2014, a situação agravou-se depois da Rússia anexar a península da Crimeia. Desde então, a escalada de tensão aumentou. Até à invasão em grande escala, em 2022, destacam-se alguns momentos cruciais para perceber o conflito entre os dois países.

Em 2004, o candidato pró-Rússia Viktor Yanukovich é declarado Presidente, mas uma alegada fraude eleitoral provoca um movimento de protesto, conhecido como a “Revolução Laranja”, e força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.

Yushchenko promete tirar a Ucrânia da órbita de Moscovo, em direção à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e à União Europeia (UE).

Na cimeira de Bucareste, em 2008, a NATO concorda com a adesão da Ucrânia. No entanto, dois anos depois, Viktor Yanukovich é eleito chefe de Estado e, uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.

A decisão gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. Os protestos, conhecidos por movimento “Euromaidan”, por serem centrados na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos.

2014: a queda de Yanukovich e anexação da Crimeia

Em fevereiro de 2014, Yanukovich foge do país quando enfrentava um processo de destituição e acaba por se refugiar na Rússia. No mês seguinte, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.

Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das repúblicas de Lugansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.

Em maio, o empresário Petro Poroshenko ganha as eleições presidenciais com uma agenda pró-ocidental. Menos de um mês depois, os líderes da Ucrânia, Rússia, França e Alemanha criam uma plataforma de diálogo para tentar resolver a guerra no Donbass, conhecida por Formato Normandia.

2015: Acordos de Minsk

Em 2015, o Presidente ucraniano recém-eleito reúne-se com Putin em França. O encontro acontece por ocasião dos 70 anos da invasão da Normandia.

Depois de longas conversações, é em Minsk, capital da Bielorrússia, que se chega a acordo para pôr fim à guerra. Sob mediação franco-alemã, é assinado um plano de paz entre Rússia e Ucrânia.

O tratado é subscrito também pelas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. O acordo impunha cessar-fogo imediato, mas a paz nunca viria a ser alcançada.

2016-2017: “Guerra cibernética” contra Kiev

As forças ucranianas e separatistas pró-Rússia prosseguem os combates na zona de fronteira e a Ucrânia atribui à Rússia a autoria de vários ataques informáticos. Em 2016, um ataque à rede elétrica provoca um apagão geral. O Presidente Poroshenko acusa Moscovo de organizar uma “guerra cibernética” contra Kiev. As ações também são classificadas como “atos de terrorismo”.

De acordo com o governo, as instituições ucranianas sofreram 6,5 mil ataques nos dois últimos meses de 2016.

Em 2017, o sistema bancário ucraniano também é afetado e um novo apagão gera um clima de medo. Nesse mesmo ano, entra em vigor o acordo de associação entre a Ucrânia e a UE.

2018-2019: Zelensky promete pôr fim ao conflito

Em 2019, o comediante Volodymyr Zelensky vence as presidenciais na Ucrânia e promete acabar com o conflito no leste do país.

Uma cimeira começa a ser preparada pelo Presidente francês Emmanuel Macron e pela chanceler alemã Angela Merkel.

Em dezembro de 2019, os líderes de Kiev e Moscovo sentam-se à mesma mesa. No encontro, em Paris, Putin acusa Zelensky de não cumprir os Acordos de Minsk. O Presidente russo recusa voltar a reunir-se com o homólogo ucraniano.

2020-2021: a ameaça de invasão russa

No ano seguinte, o Presidente russo vence o referendo que o autoriza a ficar no poder até 2036. Cerca de 73% dos eleitores votam a favor da reforma que dá mais 12 anos de poder a Vladimir Putin.

Em 2021, a Rússia envia milhares de soldados para regiões próximas da fronteira, o maior contingente desde 2014. Volta a aumentar a tensão na área de Donbass.

Os EUA avisam que Moscovo quer aumentar a presença militar no leste da Ucrânia com o objetivo de invadir o país e começam as diligências diplomáticas que juntam responsáveis norte-americanos e russos.

Moscovo reúne-se também com a NATO para debater a possível adesão de Kiev à Aliança Atlântica.

Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões ao “entregar armas modernas a Kiev e conduzir exercícios militares provocatórios” no Mar Negro. O Presidente russo exige que o país vizinho não se torne membro da NATO.

Numa cimeira virtual, Biden avisa que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.

2022: Rússia inicia invasão em grande escala

Multiplicam-se os encontros entre líderes políticos europeus e dirigentes russos. As reuniões revelam-se, no entanto, infrutíferas e Moscovo não desmobiliza.

A 21 de fevereiro, Putin acusa a Ucrânia de pretender usar armas nucleares para atacar a Rússia. Num longo discurso, defende que a ideia da Ucrânia se juntar à NATO é “uma ameaça direta à segurança da Rússia” e reconhece a independência das regiões separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia.

Indiferente às ameaças de retaliação do Ocidente, assina o decreto que reconhece Donetsk e Lugansk como regiões independentes. A decisão de Putin, condenada pela generalidade dos países ocidentais, é festejada nas ruas pela população das regiões separatistas.

A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia e avisa que espera um ataque da Rússia em larga escala. Perante a ameaça, a Aliança Atlântica coloca uma força de reação rápida em alerta para defender os países aliados.

UE, EUA e Reino Unido anunciam sanções contra interesses russos e Moscovo retira diplomatas russos de Kiev, alegando que as autoridades ucranianas não garantem a sua segurança.

A 24 de fevereiro, a Rússia inicia uma invasão em grande escala da Ucrânia.

O secretário de Estado norte-americano cancela o encontro com o homólogo russo e o Conselho de Segurança da ONU reúne-se de emergência.

Putin anuncia o lançamento de uma operação militar especial na Ucrânia com o objetivo de desmilitarizar o país. O Presidente russo acusa os EUA e os seus aliados de ignorarem a exigência de Moscovo para que a Ucrânia nunca integre a NATO.

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