Hello Kitty nasceu em 1974, pelas mãos da designer Yuko Shimizu da empresa japonesa Sanrio. Pouca gente saberá que o primeiro nome da gatinha que tem uma irmã e mora nos subúrbios de Londres foi Kitty White. Famosa e sempre jovem, a personagem que está agora a completar 50 anos é o centro das atenções numa exposição na Somerset House, no centro de Londres.
Num percurso entre gatinhos de loiça e outros gerados por Inteligência Artificial, cartões de felicitações da era vitoriana, artigos alusivos ao famoso filme E.T. e muitos outros itens, entre o fofo e o kitsch, surge a dada altura uma grande área dedicada à Hello Kitty.
"Hello Kitty é o ícone da fofura. Ela é a embaixadora da fofura. Então como poderíamos não a ter nesta exposição? E queríamos celebrá-la. É interessante como é poderosa, o que pode ter algo a ver com o facto de ser desenhada de forma tão simples", explica à agência Reuters a curadora da exposição, Claire Catteral.
"Então, pelo facto de a fofura gerar essa enorme dose de dopamina, queremos que o visitante tenha realmente essas sensações. Embora antes haja outros artigos fofos em exposição, queremos que neste espaço o visitante seja dominado pela fofura da Hello Kitty", acrescenta a responsável pela organização da exposição "CUTE".
Personagem de culto e embaixadora da UNICEF
Há meio século a encantar miúdos e graúdos, Hello Kitty continua a ser uma personagem de culto no Japão e um pouco por todo o mundo. A gatinha sem boca conquista corações, assim como os inúmeros artigos que exibem a sua imagem.
"Nunca é demais ter muitos amigos" é o lema desta personagem que é muito boa aluna e tem sido usada em campanhas junto dos mais novos e não só.
Foi uma das embaixadoras da UNICEF (agência das Nações Unidas para a defesa e promoção dos direitos das crianças) e foi também parceira da ONU na promoção de objetivos globais sustentáveis.
Gatinha sem boca, porquê?
Como muitas outras personagens famosas, tem sido alvo de polémicas e conspirações. Uma delas prende-se com o facto de não ter boca.
Sobre isso, a designer que a criou veio explicar que o verdadeiro motivo para a Kitty não ter boca prende-se com o facto de ela desejar que as pessoas projetassem as suas emoções nesta personagem e não o contrário.
"Kitty parece feliz quando as pessoas estão felizes. Ela parece triste quando elas estão tristes. Por motivos psicológicos, achamos que ela não deveria estar presa a nenhuma emoção específica, e é por isso que ela não tem boca", disse Yuko quando a polémica surgiu.
A esse propósito, a empresa japonesa Sanrio divulgou também um comunicado: "A Hello Kitty fala com o coração! Se ela tivesse uma boca desenhada, já teria um humor definido, o que não era o desejo da Sanrio. Desta maneira, a Hello Kitty apresenta um traço, onde as pessoas se identificam com ela, independente do seu estado de humor. Se a pessoa estiver alegre, a Hello Kitty vai lhe parecer alegre também e a mesma coisa acontece se a pessoa estiver triste ou zangada".
"Afinal, o que é ser fofo?"
No percurso da exposição na capital britânica, a Kitty é de facto o centro das atenções. O visitante parece ser inundado por todo este universo um tanto surreal de artigos fofos e outros nem tanto, sendo que essa é sempre uma perspetiva subjetiva e individual. Talvez por isso, um dos objetivos da mostra parece ser deixar uma questão: "Afinal, o que é ser fofo?"