A estudante ucraniana Olga Loiek queria ter muitas visualizações no seu canal de YouTube. Mas não desta forma: tornou-se uma "celebridade" na China porque o seu rosto foi manipulado por inteligência artificial e é agora a cara de várias "jovens russas" nas redes sociais chinesas.
Olga Loiek é uma jovem ucraniana de 21 anos, estudante na Universidade da Pennsylvania, EUA. Pouco depois de lançar o seu canal no YouTube, em novembro do ano passado, descobriu que a sua imagem tinha sido captada e manipulada através de inteligência artificial para criar alter egos nas plataformas de redes sociais chinesas.
"Fui verificar o meu telemóvel e vi esta mensagem: 'Falas mandarim? Acho que alguém rouba as tuas fotos e vídeos nas redes sociais chinesas'. (...) No início, fiquei um pouco confusa e pensei que era uma piada", conta Olga Loiek, estudante e YouTuber ucraniana
As sósias digitais – como “Natasha” – afirmam ser mulheres russas fluentes em chinês que querem agradecer à China pelo seu apoio à Rússia e ganhar algum dinheiro vendendo produtos russos como doces.
"comecei a ver os vídeos que as pessoas me enviavam e vi que isto era a minha cara, a falar mandarim e, ao fundo, vê-se o Kremlin e Moscovo. E eu estou a falar de coisas como a grandeza da Rússia e da China. É como se o meu clone estivesse a fazer publicidade a diferentes produtos russos."
As contas falsas com a imagem de Olga têm centenas de milhares de seguidores na China e vendem dezenas de milhares de dólares em produtos
O rosto de Olga é o de várias "jovens" russas nas redes sociais chinesas. Os especialistas explicam que são gerados por IA a partir de imagens de mulheres reais online, sem o seu conhecimento. Expressam o seu amor pela China e dizem que querem apoiar a Rússia na guerra, vendendo produtos do seu país natal
A tecnologia que cria deepfakes é "muito comum" na China, como explica Xin Dai, professor Faculdade Direito Pequim.
"Penso que não seria muito difícil para qualquer empresa na China processar os dados sobre o comportamento dos utilizadores recolhidos nas plataformas (...) Este é, de facto, um problema permanente".
A história de Olga mostra os riscos do uso potencialmente ilegal da inteligência artificial e de como pode contribuir para a desinformação, notícias falsas e questões de direitos de autor. A União Europeia aprovou a primeira legislação mundial para regulamentar a Inteligência Artificial.