As tartarugas marinhas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, que lutaram durante vários anos contra uma doença debilitante, estão a ficar mais saudáveis graças à limpeza das águas da região promovida nos últimos meses.
De acordo com a equipa de cientistas que se dedica à preservação e conservação desta espécie, o estado de saúde da população de tartarugas tem melhorado desde 2023.
No ano anterior, cerca de três quartos dos répteis marinhos da Baía de Guanabara era portador de fibropapilomatose, uma doença relacionada com a qualidade da água e que se manifesta através de tumores, que, apesar de benignos, podem prejudicar o movimento, a visão e a alimentação dos animais e conduzir à morte.
Indissociável da icónica paisagem carioca, a Baía de Guanabara já foi, em tempos, um invejável viveiro natural de tartarugas marinhas, algo que se tem alterado ao longo dos anos devido à poluição das águas.
De forma a contrariar esta tendência, a empresa de tratamento de recursos hídricos do Rio de Janeiro, a Águas do Rio, investiu mais de 320 milhões de euros na limpeza das águas da região, uma decisão que se tem revelado frutífera.
"Começámos a perceber que a nossa saúde está diretamente relacionada com a saúde do oceano. É um conceito único de saúde azul em que entendemos que só seremos saudáveis quando o mar for saudável. E as tartarugas? Elas são bioindicadores. Monitorizamos a qualidade de vida das tartarugas para termos uma noção da nossa própria saúde", revelou à agência Reuters o biólogo Ricardo Gomes.
A investigação continua em curso, mas Kassia Coelho, professora de anatomia patológica veterinária da Universidade Federal Fluminense, indicou que as recentes amostras retiradas dos animais e da água apontam para um ambiente muito mais saudável:
"Trata-se de analisar a sua saúde através da recolha de sangue e de tumores destas tartarugas e da biometria dos animais, vendo o seu crescimento ao longo dos anos e monitorizando estes animais de um ano para o outro. Muitas destas tartarugas são recapturadas e podemos avaliar se cresceram, se estão mais pesadas, se perderam peso e se têm mais ou menos tumores. Também fazemos uma avaliação de metais pesados para saber se estão contaminadas pelos metais na água e ver se os encontramos nas análises ao sangue".
Note-se que cinco das sete espécies de tartarugas marinhas vivem em águas brasileiras, muitas vezes afetadas pela poluição.