As alterações climáticas estão a ter um forte impacto na indústria apícola da Tunísia, com o aumento das temperaturas e as secas prolongadas a ameaçarem as populações de abelhas e a produção de mel em todo o país.
Na região de Zaghouan, o apicultor Bilel Sliman sente na pele o impacto devastador destas alterações ambientais no seu meio de subsistência.
"Nos anos anteriores o clima era bom e o tempo agradável, chovia muito e as abelhas multiplicavam-se sem ajuda dos apicultores. No entanto, nos últimos anos, especificamente nos últimos cinco anos, houve secas, que esgotaram significativamente as abelhas", disse Sliman à Reuters.
As consequências foram graves para as colmeia de Sliman, o apicultor perdeu 65 colmeias só no ano passado, 70% do total.
A crise estende-se além dos apicultores individuais, afetando toda a indústria na Tunísia.
Wahid Ben Ferjani, responsável pelo Complexo de Desenvolvimento Agrícola para Apicultores em Zaghouan, disse que, em 2021 e 2022, a região perdeu cerca de 50% das colmeias. Ben Ferjani atribui isto a vários fatores, incluindo a redução das chuvas, os incêndios florestais e as doenças que afetam os eucaliptos, que são uma fonte de pólen para as abelhas.
O impacto destes desafios ambientais reflete-se na diminuição da produção de mel e no aumento dos custos de produção.
Walid Nagara, apicultor e membro do Sindicato dos Apicultores Árabes, disse que a produção média de mel na sua fábrica caiu para mais de metade, passando de 12 kg por colmeia por ano para apenas 5 kg. Este declínio, juntamente com o aumento das despesas, levou ao aumento dos preços do mel e à redução dos rendimentos dos apicultores.
Em 2023, a indústria apícola da Tunísia era constituída por cerca de 13.000 apicultores que geriam 305.000 colmeias. Aproximadamente 75% destes apicultores relataram uma diminuição da produção de mel nos últimos anos, em grande parte devido aos efeitos das alterações climáticas, de acordo com o Ministério da Agricultura da Tunísia.