Olhares pelo Mundo

Raízes no fundo do mar: replantar florestas de algas para salvar a biodiversidade

Ao largo da ilha desabitada de Gyaros, na Grécia, uma equipa de biólogos marinhos trabalha na recuperação das florestas subaquáticas de Cystoseira, uma alga vital para a biodiversidade marinha em risco devido às alterações climáticas.

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Uma equipa de cientistas está a trabalhar na replantação de florestas subaquáticas com o objetivo de restaurar habitats marinhos ao largo de ilha grega de Gyaros, no arquipélago das Cíclades. O principal objetivo deste projeto é salvar a Cystoseira, uma alga fundamental para a biodiversidade marinha e cuja degradação tem comprometido ecossistemas essenciais.

De acordo com o Centro Helénico de Investigação Marinha, estas algas estão a ser cultivadas e replantadas em leitos rochosos no mar. As Cystoseira são inicialmente desenvolvidas em discos de cerâmica, sendo depois transferidas para os recifes de Gyaros.

A iniciativa está a ser realizada no âmbito do projeto europeu REEForest, cofinanciado pela União Europeia, que visa reforçar a biodiversidade numa área marinha protegida inserida na Rede Natura 2000.

Segundo a bióloga marinha Polytimi Lardi, a Cystoseira tem sido fortemente afetada pelas alterações climáticas, uma vez que os invernos e verões cada vez mais quentes perturbam o seu ciclo reprodutivo, o que resulta numa menor libertação de esporos, células reprodutoras que permitem a multiplicação destas algas.

Também a bióloga marinha Maria Salomidi sublinha que onde esta alga prospera, muitas outras espécies conseguem também desenvolver-se, promovendo uma elevada diversidade nos recifes.

“Se esta espécie regressar, se as florestas subaquáticas voltarem, então todos os animais e outras plantas associadas a esse habitat também irão regressar”, explicou Salomidi em entrevista à agência Reuters.

A equipa de cientistas que trabalham em Gyaros mostrou-se muito motivadas com os primeiros resultados do projeto REEForest.

"Estamos muito orgulhosos porque a maioria das Cystoseira que colocámos no ano passado ainda estão em Gyaros e continuam a crescer. Atualmente medem entre 4 a 5 centímetros. Por isso, sim, estamos mesmo muito satisfeitos", sublinhou Polytimi Lardi à Reuters.