- Assaltaram o paiol;
- O paiol? Qual paiol?
- O de Tancos.
- Aquele de Tancos?
- Sim, esse de Tancos, o dos militares;
- Ai assaltaram os militares?
- Quer dizer, se calhar não foi bem um assalto porque as munições estavam fora de prazo.
- Então assaltaram ou não assaltaram?
- Assaltaram mas não assaltaram…
- Mas há um buraco na rede, uma porta estroncada e faltam coisas no paiol…
- Mas o que falta já não fazia falta…
- Então e ninguém investiga?
- Investiga, até investigam vários, os civis, os militares…
- Mas já chagaram a conclusões?
- Parece que ainda não, mas já foi há quatro meses.
- Mas foi um assalto?
- Não sei, parece que não se pode dizer que terá sido um assalto, é melhor dizer que alegadamente foi um assalto…
E podia seguir por aqui fora.
Com os senhores do quarto andar a dizerem que falta um papel do segundo andar;
E no segundo andar mandam-nos para o sétimo, que diz que afinal é no quinto…
Para os militares que deixaram "escapar" as munições é um embaraço; (é como alguém assaltar uma esquadra, o que já aconteceu)
Para a percepção do país que temos, é vergonhoso.
Para quem investiga, é penoso.
Mas para quem tem confiada a si a representação do Estado, da Defesa, da soberania, é apenas patético.
Ao fim de quatro meses o Ministro da Defesa vir dizer que "não sabe" se houve roubo é absurdo.
Irresponsável. Politicamente fraco.
Ou o Ministro sabe "coisas" e não as quis dizer… ou se não sabe devia estar calado.
Até ter coisas para dizer, ou até terminar a investigação.
O Ministro perdeu, com esta frase, a face.
E o Presidente, "comandante supremo" das Forças Armadas, também não sabe "se foi roubo"?
Devia saber. O quanto antes.
Senão, é cúmplice deste lamentável anúncio de desresponsabilização e fraqueza do Estado.